sexta-feira, janeiro 16, 2004

Voltas e reviravoltas na Tribulandia

Na Tribulandia temos uma maneira muito interessante de resolver problemas do futebol: dando voltas e mais voltas até perdermos o fio à meada. Assim todos ficamos contentes e nunca percebemos o início de nada. Senão vejam: segundo a imprensa, um clube compra um estádio por mil contos (cinco mil euros) a uma autarquia: mais tarde, o clube regista o estádio em seu nome para receber meio milhão de euros que a UEFA tem que pagar ao proprietário do terrenos pela disputa de dois jogos do Euro; a seguir o clube, apertado pelo fisco, dando como garantia o dinheiro a receber da UEFA, contrai um empréstimo para pagar dívidas e comprar mais um jogador. Resumindo a autarquia paga dívidas do clube ao fisco, compra um jogador e se calhar pagou outras dívidas. Mas não satisfeita com essa ajuda, celebra um Contrato Programa de Desenvolvimento Desportivo no âmbito do III Quadro Comunitário (QCA) através do qual beneficiou da comparticipação comunitária para as obras do estádio. Só que uma das condições essenciais para acessso à comparticipação financeira era a propriedade do terreno ou o direito de superfície. Resultado: a autarquia não se enquadra. Logo deve ser sancionada com a nulidade do contrato-programa. Se a Comissão Europeia não abdica da devolução do dinheiro a verba terá que ser reposta pelo Orçamento Geral do Estado! Voltas e mais voltas para ser o cidadão que paga impostos a pagar as bondades dos autarcas! Claro que nas rubricas com o futebol não há crise, nem o interesse público foi lesado, segundo o Procurador-Geral(????). Uma eventual soluçao é o clube colocar durante 25 anos o estádio ao serviço da população: ou seja emprestar um bem a quem o pagou. Brilhante!!! E porquê tudo isto? Porque o futebol entretém a malta, dá votos e sendo assim a utilidade marginal dinheiro gasto é total. Depois não venham discutir as propinas, queixar-se da falta de condições nos hospitais e que os funcionários públicos têm culpa de tudo. Quem quer festa paga. Já agora também paguemos os foguetes....Bendita crise. E a Comissão Europeia deve ficar com muito boa imagem destas andanças...

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