domingo, fevereiro 01, 2009

Um cidadão que não se cala e engole

No blog de José Maria Martins

Caso Freeport - A equipa mista proposta pelos ingleses e a teoria do "orgulhosamente sós" da PGR

No âmbito da apaixonada discussão do caso "Freeport" e , sobretudo, no debate sobre a eventual culpabilidade de José Sócrates, assistimos a factos suficientemente graves que devem merecer a nossa atenção especial.
Ao ouvir a Drª Cândida Almeida os portugueses ficaram perplexos. Parece muito claro que José Sócrates nunca será investigado em Portugal. É Primeiro Ministro, o PGR foi nomeado pelo Governo, a Drª Cândida Almeida parece aspirar a vir a ser PGR.
No entanto, tendo em atenção a posição das polícias britânicas há - pelo menos para eles - indicios suficientes para abrirem uma investigação envolvendo o PM português.
A Drª Cândida Almeida , ainda mais surpreendemente, disse à SIC que não era aceitável polícias estrangeiros investigarem o PM português!
Ora, este "orgulhosamente sós" choca com três ordens de razões:
1ª - Noriega era Presidente do Panamá , mas nem por isso deixou de ser destituído, julgado e encarcerado nos EUA;
2ª - Saddam Hussein, claramente ex-aliado dos EUA, não deixou de ser deposto, preso, julgado e enforcado;
3ª - A Comunidade Internacional tem regras que não param perante o PM do Estado menos desenvolvido da União Europeia, o mais dependente.

A cabala e as forças ocultas

Nos últimos trinta anos um fenómeno desenvolveu-se na nossa sociedade: o enriquecimento rápido. Normalmente e naturalmente, acompanhado de muitos escândalos, investigações criminais e relatórios inócuos do Tribunal de Contas. A maior parte destes processos encontram-se enterrados. Paz à sua alma. O crédito fluía para a compra de carros, casas e gadjets electrónicos, a crise vinha longe e tudo era aceite no bom costume brando do deixa correr. Infelizmente, o Benfica não ganhava campeonatos mas como todos os outros clubes alimentava as ilusões do povo adormecido. Continuávamos atrasados em relação aos outros países europeus mas também nunca tínhamos conhecido o progresso. Aliás, ainda hoje continuamos a confundir o pedido de um pequeno favor com o desvio de milhões. Tudo no mesmo saco e assim a desculpabilização torna-se fácil. Quem se lembra do pagamento de facturas em duplicado na Capital da Cultura ou das comissões pagas pelo aluguer de barcos para a Expo que nunca foram utilizados? Talvez algum mal intencionado...
Dividido o país em fatias e distribuidas as regalias pelos vários intervenientes de diversos partidos, agora mando eu e comes tu, amanhã mandas tu e como eu a coisa lá vai caminhando. A justiça (se é que ainda conserva o nome) lá foi debitando declarações e justificando a sua ineficiência. Isto para o grande crime que, para o pequeno, lá vai actuando. Tudo um pântano de comportamentos sem qualquer dignidade nem ética. De vez em quando, a imprensa não consegue abafar a escandaleira e lá vai subindo as tiragens à custa da porcaria que vem ao de cima. Sabemos todos, perfeitamente que depois de um grande alarido a coisa arrefece e esquece à espera de um novo caso. Alguns até levam indemnizações chorudas pois para isso servem os bons advogados que fazem as leis e conhecem os buracos da mesma.
Por fim, esquecíamos de referir que tudo não passa de cabalas montadas por poderes ocultos até prova em contrário que nunca chega a ver a luz do dia. E como factos destes também se verificam na Europa porquê desejarmos ser diferentes?
Dada a falta de emprego que existe para os jovens, sugerimos até cursos de formação em cabalas pois assim termos mais uma profissão no país para defender os inocentes apropriadores da coisa alheia que sempre se preocuparam com o nosso bem estar.
Só para terminar uma pequena nota: recomendamos à Clara Ferreira Alves do programa "Eixo de Mal" que não abuse da nossa inteligência, querendo fazer-nos crer que a polícia inglesa anda a quer deixar-nos mal vistos...

Uma crise anunciada

O ano de 2008 terminou com a explosão do neo-liberalismo como já havíamos previsto anteriormente. Na verdade, toda a loucura tem seu fim e os desequilíbrios eram tantos que só poderiam dar asneira. A mãozinha invisível deixou de funcionar e a crise apareceu em todo o seu esplendor. O senhor Greenspan, muito entendido em finanças, ficou surpreendido e o nosso céguinho Vitor Constâncio não viu nada como é natural. Claro que os anteriores adeptos d uma completa privatização do sistema bancário mudaram de opinião, em nome da salvação da economia (coitada) e viraram-se para o saque dos nossos impostos como tábua de salvação, esquecendo-se que o dinheiro que não havia para a saúde ou para a educação já existe para cobrir prejuízos. Os grandes gestores foram saindo pela porta baixa mas certamente de bolsos cheios à custa dos tolos. Claro que no nosso país a culpa da crise e do desnorte veio de fora e são todos inocentes. Inocentes ou incompetentes?
Junto com a crise do subprime vieram os Oliveira e Costa e os Rendeiros, acolitados pelo Cadilhe a fazer de virgem financeira com uns milhões no bolso, na esperança de sacar mais 600 milhões ao Estado. Um a coisa é certa: quando há lucro é para alguns e quando dá para o torto pagamos todos. Santa moral.