terça-feira, setembro 30, 2008

A crise e as baratas tontas

Na televisão, Tony Blair, Vitorino e Costa Ribas. Uma santíssima trindade de banalidades feita. Atarantados com a crise da qual parece perceberem muito pouco, arranjaram uns remendos para o discurso não sair muito do anteriormente dito. Que a crise é global, grande novidade e que mesmo na crise há oportunidades. Claro que as há para os que ainda não foram afectados e vivem do discurso barato sem qualquer fundamento lógico nem fio de continuidade. Se nos deslocarmos para as telenovelas, veremos que a diferença não é muita. Uns e umas apelam ao coração e à lágrima fácil, outros ao doce desvario de um sonho de consumo transformado em pesadelo.
Ao menos o Herman deixou de fazer piada barata e dedicou-se aos concursos.
O Magalhães lá vai fazendo a delícia do Sócrates e o Chávez dá uma ajudinha preciosa ao negócio. Afinal, nem é já tão mau rapaz. Mas que grande elefante devem estar a engolir no fim das almoçaradas.. De facto, a tecnologia de "assemblar" computadores é algo que exige muita ciência!!! As criancinhas podem não saber ler ou interpretar um texto mas vão passar a saber teclar sem raciocinar. Belo! Já alguém pensou nos textos? Já alguém pensou nos professores que mal passam do Word? Sugerimos que ofereçam um Magalhães ao presidente Cavaco. Talvez assim, ele esqueça que os divórcios são mais do que uma partilha de bens. E por este caminho vamos, com a bolsa a parecer histérica de tanta oscilação.

domingo, setembro 21, 2008

A Europa dos copos e abraços

A roleta russa emocional

No "Expresso":

John Motulsky usou uma só palavra para descrever a atmosfera que se viveu até quinta-feira na capital do mundo financeiro:"Horrível". Mas, perguntámos, já bateu no fundo ou vai ainda piorar? A voz de Motulsky, director da StonehillCapital Management, denota cansaço e impaciência. Responde-nos com uma pergunta: "Quando é que o seu artigo é publicado? No sábado? Tenho pena de si, poeque o que você escrever hoje estará incorrecto amanhã, Ninguém sabe o que vai acontecer. É grave. Não posso falar. Estamos aqui numa reunião urgente.
Isto passava-se na quarta-feira, perto da meia noite.


A bolha da especulação e o encolhimento da "moeda" gerada pelo sistema bancário convivem com a mais profunda desorientação dos sábios. Será que eles, particularmente, também andarão aflitos?

Em directo para alegrar com o sangue dos outros

Há tempos aconteceu em Lisboa um assalto a uma dependência bancária, daquelas pequenas, com pouco dinheiro na caixa, mais parecendo uma pequena mercearia. Os assaltantes eram brasileiros, dois jovens que talvez sem encontrarem o eldorado ou um trabalho decente, iludidos pela facilidade com que se rouba neste país, impunemente, sobretudo os colarinhos brancos, decidiram, em má hora para um deles, tentar a sorte. Foram pouco hábeis, pouco treinados e meteram-se na boca do lobo. O acontecimento foi dado em directo e chegou a assistir-se ao tiro de um polícia nervoso, mais tarde considerado herói pelo ministro da tutela e pelos media. Louvou-se ainda a eficiência da policia perante tão "temíveis" assaltantes que até apareceram à porta da agência com a luz acesa e uma refém que pode fugir tranquilamente depois do tiro... Santa inocência que dá aso a tanta parvoíce tola de pessoas responsáveis. Não teria sido possível evitar o sangue se houvesse um negociador capaz? Encurralados não lhes restava outra saída senão entregarem-se. Aliás o produto do roubo não mereceria tanto sacrifício, pois a agência pouco dinheiro tinha.
Alguns xenófobos de pacotilha logo se deitaram a adivinhar roubos a partir da nacionalidade. Tanta tristeza num país que não se mede e que deixa tanto gatuno de alto coturno a passear-se por aí e a vociferar conta a justiça. Sinais de um tempo sem valores.

Cabecinha pensadora

No "Expresso":

Q.I. Lusitano

"Os trabalhadores são sensatos.(...)Vão aceitar as reduções salariais, que em muitos casos podem ser inevitáveis"

João César das Neves, economista, sobre os efeitos da crise, no "Diário Económico"

Com economistas destes quem precisa da crise da bolsa para empobrecer?

Coisas sem grande significado para ministro

Lemos no "Expresso" sobre o ministro Manuel Pinho, da Economia nos Altos e Baixos:
Entre 2000 e 2008 o gasóleo subiu 100% em Portugal e 52% na UE; desde Julho que o petróleo caiu 35%, enquanto a nossa gasolina baixou 6%. E o ministro só agora se indignou?

Se a falta de carácter matasse, muitas cadeiras muitas de ministro ficavam viúvas...

O negócio bancário


nicholsoncartoons

Há crises e crises

Estivemos ausentes uns tempos. A crise já estava latente. Há tempos que vínhamos chamando a atenção para os perigos de um mercado que não é perfeito; encerra muitas virtualidades mas a mãozinha não funciona sempre, especialmente quando a loucura se apodera de gestores pouco escrupulosos e que transformam os mercados financeiros em autênticos casinos. Assim, as aplicações especulativas que alguns julgavam não afectar a economia de bens e serviços deram o que tinham que dar: incobráveis. E a bola de neve financeira começou rolar. Grandes instituições sem liquidez para solver responsabilidades, auxílio dos Estados (tão mal referenciados pelos privados em tempo de vacas gordas) agora transformados em salvadores, impostos para tapar buracos e muitos administradores e especuladores de bolsos cheios. Assim vai o mundo. Agora toca a apertar ainda mais o cinto dos que sempre o tiveram apertado. Sim, porque isto está para os que beneficiaram das asneiras e não para os que passaram a vida a ir para o trabalho e a regressar a casa. Pelo meio, muito futebol, telenovelas, gadgets (iPops e outros) e uma tribo de comentadores e de palhaços a enganar os tolos.
Quando já todos estiverem de joelhos, aptos a tudo aceitar e sofrer mesmo vencimentos de miséria talvez a economia se relance e nova especulação tenha oportunidade de arrancar...