domingo, setembro 21, 2008

Em directo para alegrar com o sangue dos outros

Há tempos aconteceu em Lisboa um assalto a uma dependência bancária, daquelas pequenas, com pouco dinheiro na caixa, mais parecendo uma pequena mercearia. Os assaltantes eram brasileiros, dois jovens que talvez sem encontrarem o eldorado ou um trabalho decente, iludidos pela facilidade com que se rouba neste país, impunemente, sobretudo os colarinhos brancos, decidiram, em má hora para um deles, tentar a sorte. Foram pouco hábeis, pouco treinados e meteram-se na boca do lobo. O acontecimento foi dado em directo e chegou a assistir-se ao tiro de um polícia nervoso, mais tarde considerado herói pelo ministro da tutela e pelos media. Louvou-se ainda a eficiência da policia perante tão "temíveis" assaltantes que até apareceram à porta da agência com a luz acesa e uma refém que pode fugir tranquilamente depois do tiro... Santa inocência que dá aso a tanta parvoíce tola de pessoas responsáveis. Não teria sido possível evitar o sangue se houvesse um negociador capaz? Encurralados não lhes restava outra saída senão entregarem-se. Aliás o produto do roubo não mereceria tanto sacrifício, pois a agência pouco dinheiro tinha.
Alguns xenófobos de pacotilha logo se deitaram a adivinhar roubos a partir da nacionalidade. Tanta tristeza num país que não se mede e que deixa tanto gatuno de alto coturno a passear-se por aí e a vociferar conta a justiça. Sinais de um tempo sem valores.

Sem comentários: