domingo, janeiro 25, 2004

Foruns que se repercutem ou não na Tribulandia

O jornal “El País” considera que houve um empate intelectual entre os foros de Davos (Forum Mundial de Economia), o dos instalados,e o Forum de Bombaim (Forum Social Mundial), o dos marginalizados. Foca o protesto conta a sociedade dualista, a persistência da pobreza e a insuficiência do modelo liberal dominante bem como as escassa alternativas práticas deste último, apesar da maciça participação popular e das ONG. Parece assim continuar a haver um diálogo de surdos na humanidade. Uns tratam dos seus alhos e outros tentam não ficar sem bogalhos. De tudo isto, tiro que, embora meritórias acções deste género pouco ou nada alterarão o evoluir das situações. E de boas intenções está o Inferno cheio. Parece-me no entanto importante a participação em Bombaim de Joseph Stiglitz não só por se tratar de um Prémio Nobel da Economia como pelas importantes funções desempenhadas no Banco Mundial. Ele tem afirmado ao longo do tempo que o nosso sistema global é caracterizado por um conjunto de iniquidades e que parece ser extremamente importante reverter a situação; que a economia pode fazer a diferença na melhoria da vida das pessoas, focalizando a diferença ente os Que Têm e os que Não Têm; promove a ideia de investimento governamental em instalações públicas como escolas, aeroportos bem como pesquisa e afirma que as taxas de rentabilidade da pesquisa são muito elevadas. Transcrevo parte do seu discurso em Bombaim:
Bombaim, Índia, 19 Jan (Lusa) - O norte-americano Joseph Stiglitz, prémio Nobel da Economia e antigo vice-presidente do Banco Mundial, considerou hoje que "a política económica não podia ser delegada aos tecnocratas das instituições financeiras".
"Não só (estas instituições) não conseguiram assegurar o desenvolvimento económico, como fizeram recuar a protecção social. A política económica não pode ser delegada aos tecnocratas dos bancos centrais ou das instituições financeiras internacionais", afirmou o antigo economista chefe do Banco Mundial, ao discursar no 4/o Forum Social Mundial (FSM).
"A política económica está no coração da democracia", acrescentou perante várias milhares de pessoas reunidas para um conferência intitulada "Mundialização, segurança económica e social".
"Um dos aspectos mais importantes da pobreza é a insegurança económica. É preciso reforçar a protecção social que não figura na agenda dos que falam de reformas económicas", prosseguiu o economista norte-americano.
Ao "tentar forçar os países a juntar-se à mundialização" neoliberal, as instituições como o Fundo Monetário Internacional (FMI) expõem ainda mais os pobres à volatilidade dos mercados".
Quando uma voz autorizada como esta levanta estes problemas não seria de os considerar na aplicação seguidista de políticas liberais? Ou será que os nossos economistas também são meros tecnocratas? Talvez se pensarem que os modelos não são perfeitos e que a economia não é uma mera questão de deve e haver, nem de equilíbrios orçamentais, possam ter outras perspectivas. E parece-me que há demasiada contabilidade na Economia da Tribulandia.


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