Ontem, por breves instantes vejo a televisão e lá está um debate sobre a despenalização do aborto. Não vou manifestar a minha posição pessoal mas algo pretendo exprimr. Custa-me ver um problema tão grave que mexe com o nosso âmago, ser tratado em termos de esquerda/direita, a favor/contra a vida, ganhamos nós/ perderam eles. E por pouco se engalfinham ao derrimir argumentos em termos de fascismo ou progressismo. Cada um tentando convencer a plateia do valor da sua razão.
Qual será o cidadão normal, no pleno uso das suas faculdades, que seja contra a vida?
Só que temos que ser pela vida em todas as suas fases e situações. Não podemos ser pela vida na altura do nascimento, e depois fazer vista grossa quando essas crianças não têm acesso a carinho, a alimentação, a tratamento médico, a educação (incluindo a sexual) e a igualdade de oportunidades ao longo da vida. Nasceu e depois que seja o que o destino quiser. Quando morre um velho de frio no meio da rua quem é a favor da vida e da morte? Haverá divisão de opiniões? Mas fomos todos um pouco que lançamos o outrora menino nos caminhos da desgraça. Por diversas e múltiplas razões que o blog esgotaria sem as enumerar todas. Quando conduzem sem qualquer cautela e matam, quem é a favor da vida? Se a sociedade fosse mais justa e formativa, não haveria destes problemas pelo menos em tão grande quantidade. Mas não é. E ao enfrentar problemas reais temos, mesmo que nos custe, tentar eliminar o mais grave e criar condições para que algo de melhoria exista. Alguém gosta de guerra, no seu perfeito juízo? E se nos virmos em situação de defender algo que de que não se pode abdicar como seja a vida da nossa família? Cruzamos os braços? Dificeis dilemas enfrenta o ser humano ao longo da vida mas tem que agir segundo a sua consciência, sobretudo em relação aos seus problemas íntimos. Tendo filhos, imagino o que será a dor de quem tenha que perder um, por decisão própria. E sobretudo, entendo ser uma hiprocrisia o basearmo-nos num referendo anterior ( pouco expressivo), que, qualquer que fosse o resultado, não deveria ter sido aceite como expressando a vontade global, por qualquer um dos lados.
Que prevaleça o bom senso, que se minimizem os custos humanos e que os legisladores façam as leis com equilíbrio e as façam cumprir. E se tratarmos dos outros aspectos da vida com o mesmo entusiasmo, talves diminuam as interrupções voluntárias de gravidez, para alegria de todos nós, porque sentiremos que temos melhores condições para amparar, muito melhor, as crianças.
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