É com o maior prazer que começo a colaborar na Tribunalandia, realizando o maior sonho da minha vida: ser um jornalista de renome. Nunca tive tal oportunidade mas graças ao meu estimado vizinho, saio do anonimato e quem sabe, um dia, não me convidam para a "Grande Visaõ". Sou um estudioso de jornais, autodidacta, filho de um linotipista, e, o escrevinhar está-me na alma.Imaginei a minha primeira reportagem para ver se os parcos leitores da minha coluna ficam agradados. Também tenho um e-arroba-Mail para onde podem enviar as vossa esclarecidas opiniões.
Então cá vai. Dirigi-me à Secretaria Prisional da Tribulandia, onde tenho uma amigalhaça, para entrevistar, nada menos, nada mais, do que o próprio Secretário-Geral.Fui recebido pela sua secretária, num ambiente austero e impressionante, tendo-me sido oferecido o cafézinho da praxe, que, claro, aceitei comovido.Entrei no local onde se tomam as grandes decisões. Um aperto de mão caloroso, um sente-se e começamos.
TR (eu)- Muito obrigado por nos receber. Esperamos dar boas notícias aos nossos leitores.
SG (não Ventil)-O prazer é todo nosso. Estamos aqui para servir os media e o público em geral. Espero que não venha com com má disposição e não vá alarmar o pessoal.
TR- Como encara V. Exa. a situação geral das prisões na Tribulandia?
SG- Para lhe falar com franqueza,nem melhor nem pior do que nos restantes países deste mundo conturbado.
TR- Mas segundo algumas estatísticas, encontramo-nos na cauda classificativa. sobretudo quanto aos Direitos Humanos...
SG- Isso são más línguas. Estamos um pouco acima da Terceiro Mundo e um pouco abaixo dos Suecos.Não podemos pretender ser os primeiros.
Tr- E o que me diz da superlotação? Da falta de condições higiénicas? Das doenças?
SG- Bem vê, nunca podemos dispor do espaço que necessitamos. Os outros também precisam de espaço. Eu, em minha casa, por exemplo, tenho dificuldade em meter na garagem os nossos carros. Ficam apertados. Quanto à higiene ela não é menor do que alguns estavam habituados, lá fora. As doenças são um mal do nosso tempo. Temos que viver com elas.
TR-Neste tempo que decorreu sobre a sua tomada de posse, já tomou, concerteza, algumas medidas importantes?
SG- Sabe, isto é um problema muito complexo e nem todos percebem as premissas. Posso até dizer-lhe que tenho tido diversas reuniões na Capital, frequentado diversos Congressos no Estangeiro, visitado algumas prisões e lido muito. EStou sempre muito ocupado, e a minha mulher, até anda a dizer que preciso dumas férias. Mas acima de tudo o dever e o sentido de missão. Estou é muito esperançado nas conclusões da 120ª Comissão que vai começar a trabalhar e, cujas linhas mestras, me esforçarei por apreeender.
TR-Nós dizemos que somos todos irmãos em Cristo. Será que os presos não são nossos irmãos?
SG-Concerteza. Temos capela e capelão e sempre que queiram podem confessar-se.
TR- Têm feito algum inquérito aos presos para ouvir as suas reclamações?
SG- Pensamos ser uma perda de tempo. Há muitos que não sabem ler e o nosso papel é escasso.Mas olhe, nem todos se queixam. Esteve numa das nossas um italiano, que por sinal se perfumava que era um consolo e que nunca se mostrou enfadado. Pena que saíu de helicóptero.
TR- E eles saem daqui com melhores condições de integração? Aumentam a sua formação profissional e cívica?
SG- Temos uns cursos avulsos. Alguns estudam. A maioria,com a sua tendência para o Mal, retorna.
TR-E os jovens? Os dos pequenos delitos?
SG- Esses, faz-lhes bem o contacto com a experiência dos mais velhos, sobretudo a partir dos 21 anos.
TR-Sente-se motivado com esta experiência?
SG- Muito. Tanto que não tenciono faltar ao próximo Congresso na Tailândia.
TR- Obrigado por nos ter recebido.
SG- Veja lá o que escreve. Volte sempre.
T. Riquinho.
Conselho do dia-Se está numa fila compacta de carros e alguém quiser sair de uma garagem, junto a si, faça de conta que não o vê. Ganhe metro e meio na fila. Alguém, que venha atrás de si, vai ser mais educado.
SG pensando, em plena liberdade.
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