sexta-feira, novembro 07, 2003

Atribulado dia

Ontem nem blog nem blogo. A minha mulher deu-me uma chispalhada ao jantar de quarta e eu fiquei avariado do realejo, mais ou menos como aqueles turistas que andavam a passear no Mediterrâneo e não os deixaram sair do barco. Por essa razão, não fui trabalhar mas fiquei aborrecido porque penso que a minha falta vai influenciar o índice de produtividade. E daí talvez não, porque o meu chefe diz que eu não faço lá falta nenhuma. Se eu tivesse os olhos da Juquinha (e o resto) fazia. Ele até dá como exemplo os chineses que trabalham 16 e 18 horas e andam sempre a progredir. Será que eles não têm jornais, nem telenovelas, nem futebol na televisão? Também a trabalhar assim, devem ter um ordenadão. Mas o que fazem com o dinheiro que ganham? Ah, já sei. São eles que enchem de dinheiro os paraísos fiscais. É isso.
Desta forma, dediquei-me ao meu desporto favorito. Ver televisão, sentado no “meiple” que o meu pai ganhou num concurso de anedotas, há anos. Ele tem bastantes e boas mas não as devo contar aqui. Desculpem. Sou um pouco antiquado, e, o meu vocabulário mais pesado é para uso privado, embora haja muito que anda no domínio público.
Foi muito interessante. Vi um burro ser levado à Assembleia para mostrar aos deputados que ele (burro) tratava melhor a s crianças do que o Estado. Eu até pensei, ao princípio, que ele fazia parte de alguma cena de revista do Parque Mayer porque já vi uma deputada que vai entrar numa revista. Parece-me que Assembleia é uma grande escola de teatro e de televisão. É só ver a quantidade de comentadores que fornece. Tanto políticos como desportivos. Por acaso acho bem. Não cobrando pelo trabalho, poupam uma massas às estações e elas não devem apresentar os prejuízos astronómicos dos anos anteriores. Mas não será concorrência desleal aos profissionais? Por isso, os coitados dos actores andam sempre a queixar-se da falta de subsídios e há redução de pessoal na TV. O meu chefe também queria que eu trabalhasse de borla, pudera.
Não me admira nada que o teatro de revista não seja considerado cultura para subsídios e nem sei porque se espantam. Cultura são aqueles espectáculos muito finos onde vai a nossa nata, muito bem vestida, sorrindo fleumaticamente, empregando palavras difíceis e que anda nas capas das minhas revistas do coração. Talvez venha a ser cultura quando tiverem o novo parque, desenhado por aquele americano simpático que nos vem ajudar. E eu que julgava que o Siza era dos melhores do mundo! Será que por falta de exportações o temos que ver a trabalhar em Espanha e noutras partes do planeta? E, se calhar, não temos mais arquitectos. Pode ser a mesma questão da falta de médicos. Uma questão de distracção.
Já me esquecia que em Torres há um grande buraco que cheirava mal desde Maio. Dizia um entrevistado que, cá, quando há mortes, vem a televisão e depois é que se trata de resolver o problema. Grande metodologia. E ainda dizem que os media não são o quarto poder.

Conselho do dia-Ande sempre bem no meio da via. Os outros que se encolham. Você não tem que gastar dinheiro em lentes novas.

Sem comentários: