quarta-feira, dezembro 08, 2004

Mudanças na Tribulandia

Carro parado em longa fila, esperando. Rua, praticamente, sem transeuntes que as ruas nesta cidade foram feitas só para andar de carro. Ouço música, como sempre, divagando. Olho para o lado e vejo um prédio de traça bonita, totalmente destroçado, com enorme portão em ferro e grande jardim. Ponho-me a pensar como teria sido a sua inauguração. Certamente, de família abastada que teria sentido enorme alegria e, possivelmente, dado uma grande festa. Então, talvez, aqueles jardins estivessem cheios de luz e de animação. Mais acima, numa reentrância do que deveria ser uma entrada secundária, um jovem casal entretêm-se nos jogos do "amor" em público. Indiferentes aos passageiros dos carros, desdobram-se em posições esquisitas, contorcem-se e, cheios de roupa de agasalho, nota-se as enormes dificuldades de atingir os carnais objectivos. O estado do prédio mostra quão perenes são as coisas materiais, mesmo imponentes. A situação do jovem casal mostra quão mudam os costumes que, muitas vezes, perdem o sentido da beleza e apenas se ficam pelas emoções e os prazeres imediatos. Antevejo mais um enorme bloco de cimento no lugar do casarão, com licença de construção e condomínio fechado, qual gaiola, e mais uma nova série de televisão onde os concorrentes demonstrem a sua habilidade de se despirem em público. Finalmente, arranco mais um metro.

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