segunda-feira, maio 03, 2004
Recordações de uma noite de futebol na Tribulandia, sem façanhas nem proveitos
Entro no estádio, depois de uma larga caminhada, acompanhado das hostes qque se preparam para assistir às façanhas dos ídolos. Ainda falta tempo para o começo e os altifalantes começam a despejar slogans de encorajamento. Os ecrans gigantes mostram algumas caras jovens e bonitas, quais vestais a augurar o triunfo da nossa equipa. Entram alguns jogadores para aquecer. Palmas querido e magnífico público. Ainda não me sentei porque a cadeira parece que andou no Paris-Dakar. Por isso o lugar foi caro. Há aberturas por todo o lado e o vento circula alegremente no meu cachaço. Da próxima vez, equipo-me como se fosse para os Alpes. Benditos arquitectos que tanto adoram a estética. Um vizinho de cadeira, diz-me que os lugares vips são um luxo. Respondo que não me admira, pois pelo preço que pagámos pelos bilhetes bem eles podem estar cómodos (os Vips). Finalmente, os nossos heróis vão entrar em campo. Há cartolinas vermelhas e verdes para saudar a nossa equipa que é azul! Vamos fazer a bandeira nacional, diz outro. Que patriótico. Também me levanto, claro, e ajudo o homem do marketing a poupar dinheiro nas majoretes. Levantar, abanar, cantar. Alguns cantam só nos estádios, certamente. Entram uns figurantes que penso são da UEFA. Atrás os pendões que me lembram as legiões romanas. Mais cânticos e aplausos.O jogo vai começar. Sento-me. Amanhã o fato vai para a lavandaria, seguro. Ao meu lado, nuestros hermanos comem uma pizza. parece saborosa. O jogo não ata nem desata. O árbitro parece céguinho. Rio-me. Outros cumprem o papel normal da indignação. Segunda-parte, igual. Parece um jogo de 2ª divisão. Empatámos. Os treinadores devem estar convencidos que cumpriram o seu papel. Saio. Ouço dois executivos jovens, que caminham a meu lado, a comentarem os "aspectos técnicos". Um parece estar a dar uma explanação filosófica. Chego ao carro. Ponho uma música. Que pena não ter levado um bocado de pizza.
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