No Público:
A Pobreza Resulta da Estrutura Social
Agostinho Jardim Moreira, 62 anos, licenciado em teologia, é pároco das freguesias de São Nicolau e Nossa Senhora da Vitória no Porto. Fundou, em 1990, a Rede Europeia Anti-Pobreza (REAP)-Portugal e esteve também na origem do Banco Alimentar Contra a Fome do Porto. Numa entrevista em que manifesta o receio de que se esteja a caminhar para novo período de "pensamento único", faz denúncias e critica a classe política.
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P. - Há excesso de formalismo no apoio aos pobres?
R. - Sim, porque quem decide é quem nunca foi pobre, nunca teve fome, [sempre] teve uma casa. Não entende os mecanismos que os pobres têm de usar para sobreviver. É preciso ouvir os pobres, dar oportunidade às pessoas. Tenho a percepção de que começa a haver receio de se falar sobre a realidade portuguesa e as suas condicionantes políticas. Tenho medo que, de novo, quem não pensa como a maioria não tenha direito a ter opinião ou seja necessariamente de esquerda. A democracia é ter variedade de opiniões e ouvir a todos na construção do bem comum.
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