Patriotismos da Tribulandia

Passo na caixa do supermercado para pagar. A empregada soma e segue. Pergunta-me: - Não quer uma bandeira? Concluo depois de elucidado que se trata de uma bandeira nacional, numa embalagem com o retrato de um conhecido futebolista. Custa apenas 1 Euro e é para ajudar uma fundação do jogador, parece. Muito altruísta. Respondo que não. O meu patriotismo não se demonstra com bandeiras de supermercado a um euro, nem a minha "caridade". A empregada fica com ar de surpreendida. Creio que pensa como a maioria que o patriotimo está numa bola de futebol a entrar numa baliza. Até há pouco tempo, quando no café se falava do país e eu me dizia patriota muitos amigos meus achavam a frase reaccionária, num mundo globalizado. Agora há muitos patriotas da bola. Acabarei por ter que seguir a moda. Quem não faz parte da selecção não é bom filho de família. O meu barbeiro sente-se da selecção. Só que uns pagam a selecção, e outros vivem à custa dela.