quarta-feira, maio 19, 2004

O único factor que alimenta a auto-estima

Leio no Memória Virtual , o seguinte:

"Como escreve Manuel Queiró hoje no "Público": "[...] é sobretudo um jogo que é um fenómeno mundial, e não há sociedades saudáveis sem uma dimensão lúdica. Em Portugal é das poucas actividades em que somos verdadeiramente competitivos. E faz pela imagem do país e pela nossa auto-estima o que nenhuma política ou campanha conseguirá fazer."

Primeiro, parece-me que a dimensão lúdica de qualquer sociedade saudável não se circunscreve ao futebol, como o jornalista deve saber. Depois o ser competitivo não é sinónimo de uma sociedade saudável, sobretudo se essa competição assumir carácter obsessivo e demasiado apaixonado, para esquecer problemas. Aliás a sociedade actual caracteriza-se pela competitividade excessiva, em todos os sectores, e as consequências psicológicas estão à vista em muitos estudos sociais.
Mais ainda, o futebol de hoje é mais uma indústria do que um desporto. E a imagem de um país mede-se pelo futebol? Ou será pelo seu nível de educação, de saúde, de investigação, de capacidade económica, de avanço tecnológico, da sua cultura e tantos outros factores? Nem é preciso referir o estado em que se encontra o país. Está à vista. No ponto de vista do jornalista, a imagem do nosso país é certamente superior à dos Estados-Unidos, da Noruega, da Finlândia e da Suécia. E qual é a nossa imagem nas Olímpíadas,para falar de desporto, salvo raras excepções? Não extrapolemos para além do espectáculo interessante e emotivo que é. Não façam da cocaína, como lhe chamavam no tempo da ditadura, heroína.

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