Em tempos idos, a ressurreição de Cristo começava festejar-se ao sábado. Tocavam os sinos e estalavam foguetes. Nesse dia era tempo de limpeza geral nas casas, preparando-as para a festa de receber o Senhor, como se dizia. O cabrito era entregue na padaria para assar melhor, coziam-se os ovos, esperava-se o folar, pensava-se nas folhas verdes para por no domingo à porta, sinal de que se pretendia receber o compasso.No domingo, a festa continuava com os folares e o almoço de família. No final a mesa era preparada para receber os elementos que constituíam o compasso: padre, ajudante com a cruz, menino da campaínha que o anunciava, o da saca das contribuições e outros. O mais farta possível, embora muitas vezes os do compasso já viessem com o estômago cheio de outras casas. Está a chegar, está a chegar! Que alegria por receber Cristo em casa e ela ser abençoada. Todos ajoelhados lá se ia beijando a imagem de Cristo na cruz, sendo depois limpa com um pano branco. Paz e felicidade para esta família. E lá iam para outras bandas, até ao anoitecer. As lojas ficavam para segunda-feira, sendo praticamente feriado comercial. Depois já se podia dar um passeio pelo centro da cidade e tomar um café. Pouco a pouco, desapareceram os sábados de limpeza geral, os compassos e as folhas verdes. Possivelmente, abrem os shoppings. Os padres cansaram-se. Os fieis foram de férias. A família vai desaparecendo.
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