segunda-feira, abril 12, 2004

De volta à realidade e ao endividamento na Tribulandia

Hoje ainda se sentem os efeitos da Páscoa nas ruas e no comércio tradicional. Uma nova jornada se prepara para o arranque. Olho para os jornais na tabacaria do café. Não fico alarmado, porque já avisado estava mas não posso deixar de reparar num título do Diário de Notícias:
"Empresas portuguesas são as mais individadas da UE". Este individamento atingiu 105% do PIB (Produto Interno Bruto). O FMI chama a atenção da Tribulandia e de outros países europeus. Claro que estas grandezas não se podem comparar isoladamente. Muitos factores estão em causa e muito teríamos que escrever para os podermos comparar. Relativamente às empresas portuguesas, tecido que conheço razoavelmente, esta situação não vem de agora. Sempre elas, na sua maioria, se fizeram notar pelo baixo nível de capitais próprios e como consequência elevados índices de individamento. Daí as exigências de garantias reais ligadas ao negócio ou pessoais por parte dos emprestadores (Banca, nomeadamente). Quando os negócios vão bem de mercado, nenhum problema. Dá para o circuito normal da empresa e para os "circuitos particulares". Quando aparece alguma recessão, a não capitalização das empresas pela via da retenção dos cash-flows (antes gerados) e as dificuldades de tesouraria levam a recorrer ao crédito, sobretudo se este tiver disponibilidades para tal. E como não se fazem adaptações à nova situação, tanto empresariais como "pessoais", o recurso ao crédito acaba por ser acompanhado por subida de encargos financeiros. Bem, isto é uma autêntica bola de neve, até chegarmos aos pedidos de auxílio ao Estado. Aí sim o estado tão odiado, é uma madrinha adorada. Em risco os postos de trabalho and so on... Pelas notícias vemos também que as famílias se endividaram muito. E porquê? Não será porque se consome demais para as possibilidades? Fico-me por aqui porque as culpas são de nós todos. Alegres cigarras à espera de mais injecções de meios líquidos da CEE ou dos Bancos estrangeiros. E para onde vamos?

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