Em tempos idos, na escuridão da ditadura, os ratos já existiam. Mas assustados com os lobos instalados nas cadeiras do poder, contentavam-se em bordejar as sobras do PIB. Nesses tempos, o pontapé na bola era mais uim meio de notoriedade para ricos do que para espertos. Os jogadores contentavam-se com um bolinho de bacalhau, um copo de tinto e a admiração da miudagem e das raparigas sonhadoras. Ilustres personagens punham algum do seu para serem presidentes, e muitos eram figuras ilustres.A oposição chamava-lhe o ópio do povo. Uma história para contar um dia. Com a luz de Abril os ratos que sabiam a atracção que a bola a saltar tinha junto da população, começaram a sair do buraco, a tornarem-se importantes e a colaborar na transição do desporto para negócio de milhões. Sempre com a fé clubista à flor da boca. juntaram-se aos políticos que apanharam a carruagem. Aí vêm votos pela porta dos golos. Estar no camarote, exibir o seu clube, comparecer no mais simples dos jogos, tornou-se um um ritual. Abraços, emoções, subsídios, acordos mirabolantes, utilidades públicas, terrenos e quejandos a rodos. Tudo em nome do desporto das massas. Um escândalo aqui e acolá, penalties fabricados e ignorados, bebedeiras, discotecas, acidentes de carro, tudo serviu para alimentar uma emoção em crescendo. De repente, demos conta que estávamos num regime de impunidade. Sai um livro referido aqui em 7 do crt.. Não se passa nada. Cada um à sua vidinha e a selecção para todos. Volta o famigerado patriotismo. As camisolas vendem-se bem. Nomeiam-se alguns jogadores embaixadores. Os ratos ficam do tamanho das ratazanas. Passeiam-se. Parece que algum gato, menos adormecido, abriu um olho...
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