sexta-feira, novembro 05, 2004

As vidas vazias da Tribulandia

Público
Contaminação
Por MADALENA FONTOURA

"Os números não baixam. Antes invadem outras idades, outros territórios e outros padrões de consumo. Já não são só os jovens, nem só os urbanos e já não é só a heroína.
Homens feitos, longe da turbulência adolescente, são o espectáculo inquietante de uma vida vazia. Pacatas povoações ribatejanas ou quietas encostas transmontanas põem a nu a epidemia da instintividade que importaram da cultura citadina. Charros nos recreios de qualquer escola, pastilhas à disposição no calor da noite e ritmos executivos, que escondem a dependência febril da cocaína, trouxeram definitivamente para perto de cada irrepreensível cidadão uma ferida que era mais fácil poder localizar no arrumador andrajoso e desdentado a quem se dá a moeda e se concede uns segundos de compaixão entre dois semáforos."

Sendo só os arrumadores (coitados) não tem importância. E alguém se interroga porque há tanta vida vazia? Não serão os padrões de existência de tanto não drogado que provocam o fenómeno? A alienação não mora só nos drogados, infelizmente.

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