Jogos Circenses
Por EDUARDO PRADO COELHOO FIO DO HORIZONTE
"José António Saraiva, nas suas crónicas intituladas "Política à portuguesa", é quase sempre surpreendente. Quando não o é, revela-se banal. Mas há nele algo de cronista marciano: escreve como se estivesse noutro planeta, e um certo número de coisas óbvias surgem ou como descobertas inesperadas, ou como desconcertantes revelações. As suas crónicas raramente dizem coisas interessantes sobre a realidade, mas são sempre tão ao lado dos problemas que nos encantam pela capacidade de imaginação.
Desta vez, a propósito de Marcelo, excede-se a si próprio. Consegue dizer e afirmar que "sobre a saída de Marcelo Rebelo de Sousa da TVI disseram-se e escreveram-se os maiores disparates". Ora este texto de José António Saraiva é um verdadeiro candidato ao texto mais disparatado do ano. Começa por sublinhar que afirmaram que a democracia estava em perigo. Ora, diz o director do "Expresso", não está. E explica: quando um comentador é dispensado numa sociedade de mercado, "arranja sempre emprego sem dificuldade". Reduz o caso a uma questão laboral. E tem depois uma sequência admirável: pode ser numa televisão concorrente; se não for numa televisão concorrente, será na rádio; se não for na rádio, será num jornal. E podemos continuar: se não for num jornal que circule por todo o país, pode ser na imprensa regional; se não for na imprensa regional, pode ser numa rádio local; ou em último caso num blogue. Para José António Saraiva, estes meios de comunicação são todos equivalentes. Saberá ele o que está a dizer?"
Mas a Tribulandia não é um grande circo? Aliás os raciocínios mirabolantes fazem parte do nosso quotidiano. Nem poderia ser doutra maneira para manter o equilíbrio mental dos tribus.
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