PEDRO SANTOS
O meu Cristo nasceu na Somália
Rodeado de granadas e minas
Tendo nos braços uma cruz
Nos olhos a esperança
e na boca seca nada de vida
Como filme cor de rosa
Passam herois e mendigos
no coro das nações não erguidas
em que a tristeza mora longe
feita de terra sangrada
de peito e alma
O meu Cristo vai morrer
duma ou doutra forma
Já sem brinquedos brincando
O meu Cristo vai morrer
em New York, em Londres
ou num porto sem partida
Pouco a pouco esquecido
Mal o corpo sente
E a mãe que virgem não é
amaldiçoa o ventre e a vagina
de areia feita e de ânsia
qual folha de chá fervida
nas horas de mais uma notícia
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