quarta-feira, março 24, 2004
Desporto, espectáculo e violência sectorizados na Tribulandia
Ao abrir os jornais quase sempre pasmo com alguma notícia. Um amigo meu aconselhou-me até a deixar de os ler e fazer um blog mais alegre mas isso é quase impossível, no momento presente da Tribulandia.Senão vejam: O leque e político desde os deputados até ao Governo fazem análise detalhada da violência no desporto e estudam uma série de medidas para a reduzir. Uma delas passa pela realização de jogos á porta fechada (falta saber quem vai compensar a falta de receitas dos clubes) e outra não deixa de ser, no mínimo, incoerente: "a participação em rixa quando da deslocação para ou de espectáculo desportivo, que resultar na morte ou ofensa à integridade física dos contendores é punida com pena de prisão de seis meses a três anos ou com pena de multa". Quer dizer isto que quem quiser matar alguém, com pena reduzida, basta fazê-lo num estádio, no meio de uma confusão? Ou deverá prevalecer a lei penal geral? Uma lei penal especial para o futebol(sim porque desporto nesta terra é futebol)? Que me conste há muito desporto que não tem violência mas parece que o que interessa para o caso é o desporto de bancada, muito apreciado nesta terra. E mais uma vez, outra notícia fala de haver Estado a mais no Desporto. Parece-me que mais uma vez confundimos empresas de espectáculos profissionais com o Desporto em geral, sobretudo o amador. Mudaram as metodologias de gerir clubes, inventaram empresas para poucas actividades e pretendem continuar no chamado "interesse público". Está-se mesmo a ver porquê. Já era altura de o Estado se virar para o desporto amador e deixar os negócios e os prejuízos para quem quer ser empresário de desporto profissional. Claro que, para fazer esquecer as tristezas de uma população que não tem de que se orgulhar com outros sectores da vida, isto dá muito geito: a emoção. Nos EUA não me parece que o Estado subsidie as empresas de basquetebol ou de rugby.
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