quinta-feira, março 17, 2005
Momentos de rua na Tribulandia
Passa por mim sem se dar conta diversas vezes. Ao princípio, o seu andar desajeitado, o aspecto corpulento, as roupas coçadas e o seu ar abstracto davam uma impressão ameaçadora.Até que um dia me pediu um cigarro. Lançou um obrigado, sem me olhar, e voltou a caminhar lentamente. Vim a descobrir que habita um asilo. Hoje passou na rua, saquita de supermercado com duas laranjas e uma banana: um pequeno tesouro. Para numa montra e diz algo para quem não o pode ouvir. De onde veio, quem lhe deu o ser, que sentimentos trará dentro do peito? Da força do hábito de o verem fica para muitos a imagem e para mim um mundo de interrogações. Sigo para o meu quotidiano, no cruzamento de outros destinos. Os carros vão muito apressados. As caras são indiferentes. O cigarro vem para a minha mão. Aquela existência entranha-se em mim.
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