quinta-feira, fevereiro 24, 2005

Os comentadores de televisão e os relógios suiços

Público
"Over night success"
Por Luís Costa Pano para Mangas
(...)
O regresso de Marcelo Rebelo de Sousa ao comentário político televisivo foi uma desilusão: ou porque não estava sozinho em palco; ou porque acusou o nervosismo da estreia num canal que, apesar de tudo, tem a obrigação de contrariar a informação de lantejoulas praticada na TVI; ou porque não sentiu o conforto sem contraditório dos antigos parceiros Júlio Magalhães e José Carlos Castro; ou porque hipotecou o distanciamento partidário arduamente conquistado nos últimos anos ao envolver-se de modo estapafúrdio na campanha eleitoral; ou porque sinceramente não acreditava numa vitória tão absoluta dos socialistas e da esquerda em geral. A verdade é que, na noite eleitoral de domingo, o paradigma dos comentadores preferidos pelas massas mais parecia um gato constipado: macilento, com ar tristonho, sem rasgo, e a medir as palavras que proferia com a precisão cautelosa de um relojoeiro suíço.

Vá lá! A maior parte dos comentadores parecem relógios desengonçados ou com o cuco descontrolado.

Sem comentários: