sexta-feira, janeiro 07, 2005

A redundância e o esoterismo

Público
Ilusões Ou Eleições
Por RUI MOREIRA

1. O Governo recorreu a publicidade paga para explicar o Orçamento Geral do Estado. Apesar da inspiração divina que anima o ministro das Finanças, a pedagogia não resultou. O folheto foi polémico e inútil, redundante para os que compreendem o OGE e esotérico para a maioria, que não faz ideia do que trata.
(...)
2. A verdade nua e crua é que, em 30 anos, pouco ou nada foi feito em matéria de reformas desta nossa casa comum. O sistema não é solidário, está distorcido, e por isso, condenado à falência. É impossível continuar a espremer os contribuintes (do costume) para cobrir a factura (que não pára de aumentar) dos serviços (maus) que o Estado nos presta.
Não se pode viver bem num país iludido, onde reina a impunidade, em que se ouvem basófias de café sobre a fuga ao fisco, em que o Fundo Social Europeu deu mais mansões do que formações, em que há Ferraris com atestados de pobreza no porta-luvas, em que os meninos ricos fazem guerra a propinas que valem menos do que a gasolina que gastam, em que o rendimento mínimo garantido é suspeito, mas a acção social não chega aos que dela precisam, em que o subsídio de desemprego é um complemento do vencimento do trabalho por fora, em que é mais fácil obter uma baixa do que uma receita, em que o funcionalismo público complica, em que na justiça, na educação e na saúde são sempre os problemas da máquina e dos seus agentes que marcam a agenda e se sobrepõem ao drama dos utentes.

Bem prega Frei Tomás. Quanto menos o povo saiba melhor para os que conseguiram os Ferraris e quejandos.

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