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14-01-2005
Ex-responsável da PJ receia Estado “de joelhos”
Maria José Morgado, antiga responsável da PJ pelo combate à corrupção, questiona se, num futuro próximo, o Estado não se colocará “de joelhos” perante os clubes de futebol.
Quero ver se num futuro próximo não temos o Estado português de joelhos perante o futebol no “Totonegócio”, com a renegociação (das dívidas)”, colocando–se numa “situação humilhante”, disse a magistrada, alertando para um possível “tratamento desigual e injustificado” para os clubes em matéria fiscal.
A actual procuradora–geral adjunta falava num debate intitulado “Corrupção - O Lado Obscuro da Democracia”, realizado pelo Instituto Superior de Psicologia Aplicada.
Neste debate participaram ainda como convidados o ex–ministro socialista João Cravinho, o secretário de Estado da Defesa e ex- deputado do PSD Jorge Neto, o jornalista Rudolfo Rebelo (Diário de Notícias) e o professor do ISPA Victor Cláudio.
Confrontada com a ideia de alunos presentes no encontro de que a corrupção cresce e goza de impunidade em Portugal, Maria José Morgado admitiu que, de facto, não há “risco” para os prevaricadores, sendo que “as pessoas fazem transferências para off–shores porque em Portugal não há risco”, nem resposta rápida e eficiente a este tipo de crimes. “Quem responde por este estado de coisas. É o procurador–geral da República? É o director–geral da Polícia Judiciária (PJ)? É cada magistrado em particular?”, questionou a magistrada, acrescentando “não saber quem responde pelos (fracos) resultados do combate à corrupção em Portugal”.
“Quem é chamado à pedra? Há pessoas que não podem falar sobre corrupção sem serem chamadas à pedra. Qual é a responsabilidade dos políticos, do MP e das polícias?”, perguntou.
Maria José Morgado criticou o facto de o tema da corrupção tanto estar na “moda” em Portugal como, logo a seguir, cair no esquecimento, comentando: “Não temos a atitude mais saudável. A corrupção é como o pó da nossa casa. Temos que ir limpando de vez em quando, senão qualquer dia ficamos totalmente cobertos de pó”.
Precisa-se aspirador gigante para limpor o pó. De preferência económico e de saldo.
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