sábado, janeiro 22, 2005

Por trinta moedas de ouro

Mais do que a ignorância ou a ingenuidade, a desonestidade intelectual causa-nos o maior dos fastios. Sabemos bem que no mundo actual o poder económico se sobrepôs a ideologias e políticas, assimilando o social no sistema do imperativo da comercialização do produto. Por esta razão o neo-liberalismo aponta no sentido da felicidade através da posse e do consumo em detrimento de qualquer valor filosófico ou ético. Os resultados, benéficos para uns e prejudiciais para muitos, estão à vista. A massificação faz-se por baixo e pela comunicação. Sabendo isto, não admira que técnicos sabedores e inteligentes e políticos que há trinta anos andavam de camisola vermelha para outro tipo de massificação colectiva se tenham rendido às prebendas do sistema e venham, sistematicamente, defender o indefensável. Com voltas e reviravoltas mentais aí estão eles, nas mesas redondas e debates a cumprir o seu papel de impressionar as faixas da população mais ignorantes. Eduardo Prado Coelho dizia há tempos que o sistema estava apodrecido mas aqueles senhores, a troco das cadeiras confortáveis onde os deixam sentar e das vivendas com piscina, vêm, amiudadamente, dourar a boneca. Têm sempre justificação para tudo. Mesmo para as desonestidades "legalizadas". Que lhes faça bom proveiro porque acreditamos que a história se encarregará de mostra a fibra de que são feitos.

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