Quando Salazar foi eleito como o maior dos portugueses de sempre ficamos surpreendidos.
Talvez pudesse ser Fernando Pessoa, Camões, Afonso Henriques, Vasco da Gama, Jorge Sena, Eça de Queiroz ou, claro, atendendo ao ambiente geral, Ronaldo, Simão Sabrosa, Catarina Furtado, Toni Carreira ou um qualquer personagem de telenovela. O ditador colocou-se em primeiro por comparação com os políticos actuais e resultou de uma manifesta insatisfação dos cidadãos com a situação presente desta "democracia" que tanto prometeu e tão pouco vem cumprindo. Estamos cada vez mais atrasados, mais ignorantes, mais vítimas da prepotência e mais calados (embora digam que podemos falar). De colonizadores passamos a colonizados, de mal tratados nos hospitais a não sermos tratados se não tivermos dinheiro, de mal preparados para a vida profissional a puros candidatos aos desemprego e a servir cafés aos estrangeiros. As parcas reformas, também elas passaram a pagar impostos e a voltar ao que eram. O bacalhau que era comida de pobre passou a estar apenas na mesa dos ricos. O Tenreiro multiplicou-se por milhares. Dantes éramos remediados, agora estamos endividados e vendidos. Não há presos políticos mas há prisão para quem não pagar a "dízima". Não há União Nacional para os tachos mas existem partidos que só favorecem os filiados. Não há censura mas os meios de comunicação entoxicam como mandam os novos senhores. A cultura em vez da mesma censura tem o corte dos apoios. Os antigos monopolistas foram substituídos por novos. Os ex-ministros iam para empresas públicase privadas e continuam a ir. Criticavam o escudo forte e agora é o euro forte. A justiça é o que vê.
As "casas de meninas" foram substituídas pelas ruas e estradas. A emigração retorna mas agora mais qualificada. As grandes obras do Estado Novo foram substituídas pelas pontes e estádios. O futebol era a cocaína do povo e agora é a heroína.
Afinal, para quem não se metia no lodaçal da política, o que é que se alterou senhores militares? Onde param os ideais? Onde param os direitos e liberdades do cidadão?
Sem comentários:
Enviar um comentário