O tempo muda de calor para frio e chuva. A mentira que paira por todo o lado não muda nunca. E ela é tão convincente que os que a alimentam já se sentem vivendo, naturalmente, no meio dela. Sempre a falarem do bem da sociedade querem significar o bem das suas barrigas e mãos sujas de tanto manipular. Vendo a televisão actual, tirando o aspecto colorido, ela diferencia-se pouco da televisão do Estado Novo. Outras caras, outros meios tecnológicos mas sempre a mesma mensagem: a estupidificação do cidadão. Esquerda, direita, tudo caminha no mesmo sentido: usufruir dos bens públicos. Conseguir transformar o suor de muitos em água de piscina, à beira-mar plantada. E tudo com um ar muito natural, como se a pouca vergonha fizesse parte de um código ético, quase uma religião de promessas a cumprir no além. Lá fora, vão aparecendo vozes e escritos a recordar a necessidade de acordar os cidadãos para a vida, mostrando-lhes novos caminhos como fez a Madonna, pasme-se, em programa televisivo. Uma nova sociedade precisa-se, onde o homem encontre no rosto do outro a alegria de o ver feliz. Enquanto os maiores economistas mundiais procuram explicações na racionalidade das opções, a irracionalidade de muitos dos nossos comentadores e políticos atola-se na construção megalómana, na artificialidade das suas escolhas e numa imagem enganadora de seriedade e compostura.
Agora, a vida de São Scolari na TV qual novo mito da Senhora de Fátima. Logo a pequena tragédia individual para assustar uma burguesia acéfala. A seguir mais comentáriso sobre golos, balizas e meniscos. São Ronaldo transforma-se em mago. As escolas de futebol proliferam e já não se aguenta tanta conversa tonta sobre os pormenores de jogos nos cafés e em toda a parte. Um Outono de ideias cerca qualquer esperança de Primavera. Terra mais esquecida por Deus, certamente não haverá.
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