A hipocrisia na Tribulandia

Finalmente o Presidente deu-se conta de que a sinistralidade automóvel é demasiada para o tamanho do país. Vai daí, toca a dar umas voltinhas e a fazer de locutor para telespectador ver. Atrás, toda uma série de entendidos, alguns em lugares chorudos, que acompanharam de autocarro a visão real do tráfego. Teria sido pelo sentimento de perda de concidadãos e respectiva solidariedade para com as famílias das vítimas ou pela constatação de que o fenómeno está a custar muito dinheiro aos cofres públicos? E só agora? Então esses sábios não sabem que a perda inútil da vida de um cidadão já custou muitos recursos à colectividade? Todos os anos a mesma cena das estatísticas negras e só agora o chamamento de Santa Bárbara? Todas essa campanhas e penalidades e nem os 0,5 de álcool os salvam? Mas que espanto! Louva-se o egoísmo, exaltam-se os espertos do futebol e da corrupção, a fama a qualquer custo e meio, degrada-se o ensino, o marketing da potência dos cavalos debaixo do motor e a atracção sexual das parceiras lindíssimas e depois valha-nos Jesus? Não seria preferível fazer primeiro um acto de contrição e depois actuar serenamente para inverter uma situação que vai durar gerações? Deixem-se de falsas lamentações e cumpram o seu dever. Dever terá ainda o sentido de obrigação ou apenas de utilização de crédito? Ficamos na dúvida.