A caminho da felicidade

Um novo centro comercial abriu. Moderno, se presume, tentando imitar a natureza e o ar livre. Pagaram um milhão de contos para enterrarem a concorrência de rua que tranquilamente se deixa aniquilar. Terrenos mais ou menos gratuitos que os deu a autarquia para incentivar esta grande industria "tecnológica" e "exportadora". Candidatos a empregados de balcão, muitos certamente com grandes exigências académicas. As formigas a caminho da catedral de consumo ou da mirada fácil. Dizem-me que a fila de carros hoje era enorme, a meio da tarde. Certamente, estariam dando cursos de formação. Polícias a regular o trânsito por não terem outras preocupações quanto às apregoadas inseguranças.Tudo muito feliz, numa cidade que substituiu a convivência pelo consumo de coisas materiais. As outras ruas escavacadas, aos altos e baixos, os passeios destruídos e quase desertas. Tudo em nome dum progressso bovino. Só falta mesmo a construção de um manicómio colectivo privado.