segunda-feira, maio 30, 2005
Um não que obriga a reflectir
Contrariamente ao que, desesperadamente, à última hora, esperavam os nossos principais comentadores políticos e jornalistas, o Não teve uma nítida e expressiva vitória em França. Habituados a tudo resolverem, sem discussão pública, os nossos representantes julgavam que naquele país se passaria o mesmo. Enganaram-se, pois o debate foi profundo e alimentado por muitos defensores do sim e do não. Observando o que se tem dito na nossa televisão e nos jornais, fica-nos a impressão duma visão catastrófica do não ou mesmo a identificação do não com uma negação da Europa. Nem uma coisa nem outra. O que esteve, fundamentalmente,em discussão foi o modelo que queremos para a Europa. O Não significa, antes de mais, a vitória do social sobre o neoliberalismo, a rejeição de entrega total do poder a burocratas, por muito competentes que o sejam, o alargamento à Turquia (onde os direitos humanos deixam muito a desejar) e uma crítica a um sistema que se baseia em desemprego e impostos. Aliado a isto, está ainda uma Constituição que se expande por 448 artigos (!) e a inclusão de um modelo económico que concentra mais poder no Banco Central Europeu e impõe uma directiva discutível quanto ao emprego (Bolkstein), tão do agrado do nosso Barroso. Esperemos que os políticos aprendam a lição e saibam escutar melhor os desejos dos cidadãos.
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