segunda-feira, agosto 09, 2004

A responsabilidade social na Tribulandia

Dia cinzento e de chuva como que a contrariar um título de jornal da Volta a Portugal: "Por um Portugal mais optimista". Passamos os olhos pelo jornal. Chama-nos a atenção um artigo sobre as elites nacionais e reponsabilidade social. Verificamos que essas elites vêm desenvolvendo um trabalho de activistas sociais. Este activismo parece dirigir-se, principalmente, para aplicação de boas práticas de gestão nas suas próprias empresas empresas. O objectivo é louvável mas parece que existem mais discursos do que acção. Aliás, seria caso para perguntar o que andaram esses gestores a fazer nas últimas décadas mas mais vale tarde do que nunca. Por outro lado parece que a sua responsabilidade social se circunscreve ao desenvolvimento económico deixando para o Estado a luta contra o fenómeno da pobreza crescente, estando o país entre os dois países mais pobres da União Europeia. Para já parece-me que leram enviesado os tratados de gestão. Entende-se, normalmente, nos teóricos norte-americanos, que responsabilidade social duma empresa é para com a sociedade na qual ela se insere. Assim, há muitos exemplos de grandes empresas que, por exemplo, emprestam quadros para ajudar actividades públicas não lucrativas além de pagarem normalmente impostos o que, raramente, aqui acontece. Dado que o papel do estado no sector económico cada vez é menor e dada a crise orçamental e económica vemos como sofista esse empurrar de responsabilidades.Acresce o facto de o investimento na educação não ser apropriado ou mal aplicado o que necessariamente conduzirá a mais pobreza. Olhar para a realidade com perspectivas sectorizadas é, ainda, um bom exemplo de miopia declarada.
A nação precisa de iniciativa privada mas regida por pessoas com alguns valores a defender para além das mordomias própias. A cada um segundo o risco assumido, nada de igualitarismos, mas com limites impostos pela preservação da própria dignidade do empresário. Enquanto não tivermos um conjunto de decisores que procurem o reconhecimento social pela actividade que desenvolvem em prol do todo, viveremos numa ilusão imediatista que a nada de bom levará o nosso povo.

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