terça-feira, julho 13, 2004

Pôr os dedos nas feridas da Tribulandia

Público
Caíram as Máscaras
Por TERESA DE SOUSA

3. Do outro lado, estava um PS à deriva, sem discurso, sem programa, sem liderança e sem credibilidade, também ele em vias de metamorfose, ainda que mais lenta e mais complexa. Também o PS parece condenado a um acelerado processo de marginalização das elites europeias e sociais-democratas que o dirigiram desde 1975. Paralisado entre o que restou da frustração do guterrismo - incapaz de pôr em prática contra os interesses instalados o programa de reformas gerado pelos Estados Gerais de 1995 - e as velhas facções históricas rivais, já sem qualquer conotação com a realidade do país e do mundo.
(...)
As alternativas à liderança do PS emergem do mesmo vazio político de que emergiu Santana Lopes. É este vazio que alimenta a "ilusão mediática" encarnada pela figura enigmática de José Sócrates, a mais próxima versão à esquerda de Santana. A mesma imagem pública criada pela carreira de comentador televisivo, a mesma fala fácil, construída a partir de generalidades aparentemente inteligentes e cultas sobre tudo, ideal para televisão, o mesmo ar "modernaço" com um ou outro laivo mais intelectual mas a mesma apreensão superficial do mundo e da realidade, o mesmo provincianismo.

Poucas vezes a realidade é tão bem retratada como neste artigo. Sem andar às voltas como muitos, a jornalista pões os dedos na ferida deste país que tão pobres representantes tem.

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