domingo, fevereiro 08, 2004

Uma paragem na Tribulandia

Há dias que não escrevo para o blog. Sinto a falta desta comunidade de ideias e imagens. A vida traz-nos alguns acidentes de percurso através da sua irmã, justiceira final : a morte. Agora a mãe de um amigo que nos acarinhou em criança, depois um amigo (quase um irmão). Uma semana de choques, um abalar de sentimentos de perda, momentos de desorientação, pedaços da nossa vida que se esfumam e nos empobrecem, uma coragem que se afirma exterior, um abraço que não transmite o que nos vai na alma. Damos por nós em rituais sociais dos quais nos apetece fugir, mudos como estátuas, cigarros que não se esgotam e caminhamos pelo vazio. Para onde foram as palavras? Não sabemos como estar nem ouvir. Somos o silêncio feito perda.
Entro num cinema e vejo “A vida e tudo mais...” de Woody Allen. Pouca assistência. Um humor que nos traz algo de positivo. A sensação se sermos humanos, perdidos na teia das relações complicadas. Um incentivo a continuar. Saio. Não recuperei ainda, mas sinto que a rua é minha também. Que as pessoas que passam me dizem muito. Que sou um deles. Vou ao blog. Vejo que tenho visitas. Estou menos só.

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