Na revista "Pública" de 13-6-2004, Manuel Meirinho:
"A Europa foi trabalhada pelas instituições numa lógica de passividade dos cidadãos"
No JN
O escasso nível de participação eleitoral registado no conjunto da União Europeia não pode deixar indiferentes os dirigentes políticos. Afinal, foi batido o recorde de abstenção (55,8%). Pior: o fenómeno manifestou-se de forma ainda mais acentuada nos países outrora sob a órbita soviética, que há mês e meio entraram no "clube de Bruxelas". (...)
É, portanto, o próprio projecto europeu que pode estar em causa, na exacta medida da contradição detectada entre o entusiasmo dos políticos e a indiferença das opiniões públicas, expressa através da ausência na hora de votar.
Indiferença será, aliás, uma interpretação benigna do que se passou. É que eurocépticos de todos os matizes confirmaram a pujança que já se suspeitava. Fustigaram trabalhistas e conservadores no Reino Unido, roubando-lhes 17 lugares, obtiveram cerca de 35% dos votos na Suécia, cresceram na Áustria - neste caso ajudando a empurrar a Extrema-Direita para o limbo -, asseguraram 20 mandatos na Polónia e venceram mesmo na República Checa.
A mentira sobre a importância da participação do cidadão começa a perder encantos, em todo o lado. Na realidade ninguém vive de metáforas por muito eloquentes que sejam. A passividade nunca levou a lado algum
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