domingo, outubro 16, 2005

Quando a nossa pátria só for a língua portuguesa

Cada vez mais, ficamos surpreeendidos com os conhecimentos de economia de muitos comentadores políticos de televisão, sobretudo advogados, que desenvolvem teorias muito interessantes para conserto da nossa já muito estragada economia. A tónica é sempre a mesma: desviar os financiamentos do Estado das suas fundamentais obrigações e privatizar toda e qualquer actividade que possa dar lucro a empresas privadas, especialmente aos grandes grupos económicos que, supomos, os angariam nesta cruzada de intoxicação da opinião pública. As verdadeiras causas do nosso atraso ficam sempre escamoteadas e querem-nos fazer crer que em economia aberta somos capazes de resistir. O que acontece é que o nosso tecido industrial não consegue concorrer com empresas muito mais fortes, tanto financeira como tecnologicamente, e cada vez ficaremos mais sujeitos à importação numa espiral de destruição completa. Ficam as empresas distribuidoras de produtos estrangeiros e o endividamento das famílias para assegurar o consumo. O problema chegará quando nos exigirem os créditos de financiamento externo. Uma classe média ficará destruída, os pobres crescerão e continuarão a ser mão de obra barata para produtos residuais e esses senhores ficarão com algumas migalhas dos poucos grupos que se aguentarem. Daí as medidas de contenção na educação e na saúde e as tremidas reformas do futuro. Se a língua resistir aos ataques culturais ainda poderemos dizer que ela é a nossa pátria.

1 comentário:

Dextro disse...

Falando só no estado o problema está no dinheiro mal gasto e não no dinheiro em excesso... Tomo por exemplo o ministerio das finanças que conheço: As repartições estão ligadas a um sistema informatico local e efectuam todas as operações neste enquanto a direcção de finanças encontra-se ligada ao sistema central (aquele que acedemos via web para a declaração). Agora a sincronização é feita num calendario que não compreendo (não é exactaente diaria) entre os varios sistemas para assegurar que se encontram actualizados...

Observando isto é obvio que existe não uma duplicação mas mesmo uma multiplicação de recursos que não só leva a gasto desnecessario como também a problemas derivados da falta de sincronização dos sistemas...

E quem diz sistemas informaticos diz cargos de dirigentes a ganhar balurdios quando os salarios dos seus inferiores são congelados em miseras quantias...

Enquanto situações destas não forem revistas é obvio que o estado vai continuar a enterrar-se e com ele grande fatia da economia nacional...