segunda-feira, outubro 24, 2005

As sombras da nossa existência na cidade

Andam pelas ruas absortos como se o seu único objectivo fosse o deambular. Às vezes falam sózinhos ou fazem gestos que os passantes teimam em não perceber. Alguns, sentam-se nos poucos bancos que existem pela cidade e embalados pelo ruído dos carros, vão tombando de lado e adormecendo. Aqui e acolá, pendurados no balcão de algum café bebem uma cerveja ou tomam uma aguardente. Seu semblante é muito parecido com os mais ocupados e apressados que, eles, também deambulam na roda do trabalho. No café, em pequenos grupos, discutem futebol.Na antecâmara do descanso final, resignados, escoam a vida, num universo de modernidade que os deixou para trás.A chama dos grandes entusiasmos já se foi e há que acomodar-se, assim manda o "bom senso" dos ilustrados. Muitas vezes, nas farmácias, perguntam porque razão o genérico é mais caro. São o espelho vivo da solidãodos outros. Servem talvez para dar importância aos melhor instalados na escala da sobrevivência. E onde param os sorrisos de criança, a alegria de ver o sol aquecer os rostos ou a emoção dos desejos? No cruzar do seu olhar ficamos um pouco mais frustrados.

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