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Sábado, Fevereiro 28, 2004

Candidaturas na Tribulandia

A Tribulandia tem um sistema político que se alimenta de candidaturas, mesmo que depois venham a dar em nada. Temos que ter sempre um candidato pronto a enfrentar os desafios do poder. E quase sempre são os mesmos. A palavra renovação é coisa que não existe nesta democracia. Ainda diziam que o antigo ditador se agarrava aos lugares. Pelos vistos os actuais "candidatos" são todos discípulos do antigo ditador. Temos até casos de dezenas de anos no mesmo lugar e, o que se criticava, anteriormente, é agora louvado como prova de fundo. Até lhes chamam dinossauros. Porque não uma telenovela: "Os excelentíssimos Dinossauros"? Podem fazer as asneiras que quiserem. Ausentam-se um tempo, calam-se, dizem-se indisponíveis mas na hora H aí estão prazenteiros e sorridentes na fila da frente. E esta poderia ser a cena de abertura, com música apropriada. Talvez "We are the champions". Segundo a comunicação, um candidato ao Parlamento Europeu justificou a sua escolha pelo momento que o país e a Europa atravessam. Com o estado do país, presume-se a candidatura apropriada a desgraças.

Inventor das multas do lixo na Tribulandia

Direitos de autor na WEB e aplicação na Tribulandia

O "Expresso" de hoje refere o caso dos direitos de autor (Directiva Europeia) ainda não transposta para a Tribulandia e outros países. A Directiva da UE é considerada por muitos na Europa como um atentado à competição e à liberdade. A fipr (foundation for information policy research) alerta para muitos dos problemas que vai causar, não só na Web, e entre eles, destaco:

"Culture: there are many others who will lose out; for example, under the proposed directive, EU Member States will have to criminalise street music - except for musicians who limit themselves to their own compositions, or to the works of composers who have been dead for at least 70 years. This may improve the quality of the music on offer on the London Underground, but is hardly compatible with most people's idea of a free society."

Para os que se interessam por estas questões aconselho ainda ver os sites eurorights.org, BurnAll.Gifs e swpat.ffii.org

Feiticeiro governamental da Tribulandia em actividade

Flagelo que não existe na Tribulandia

Segundo o "Expresso", Silvio Berlusconi, primeiro-ministro italiano disse: "Há tantos senhores com casas na praia, na cidade, na montanha, com barco, e eu, vendo o que ganham e o que dão aos seus partidos, digo: como conseguiram tantas propriedades? Com dinheiro roubado".
Felizmente, na Tribulandia não existe nada disso.

Sono dos justos na Tribulandia

Ligo a televisão.O Presidente da Tribulandia discursa de papel na mão. Começo a dar atenção às suas palavras. Sairá alguma coisa de importante? A cãmera vai rodando pela assistência. Morna. Um assistente dorme o sono dos justos. Há sempre alguém que adormece, é normal. A cãmera continua a rodar e lá está mais um a dormir.Outros não se percebe se estão a dormir ou de cabeça baixa a pensar nas momentosas frases. Antes que adormeça também, desligo.Lembro-me de uma vacina contra a mosca do sono. Será o momento de revacinar-me?

Sexta-feira, Fevereiro 27, 2004

Pó e nada mais na Tribulandia

Primeiro o homem fez a imagem para representar o divino e o não compreendido. Depois representou-se a si próprio para se assemelhar aos deuses.Distanciou-se dos deuses e construiu mundos de beleza.Chegou à imagem que já não representa nada. Acabou destruindo as máquinas dos fotógrafos.

Reflexões de um macaco na Tribulandia

Quinta-feira, Fevereiro 26, 2004

Coexistência na Tribulandia

O verdadeiramente forte não necessita esmagar o fraco para se sentir vivo e importante

Quarta-feira, Fevereiro 25, 2004

Problemas com as prisões fora da Tribulandia

Ao passar pelo Le Monde vi indicado um site Prisons que me chamou a atenção. Retirei alguns dos trechos apresentados que me parecem dignos de menção:

"Je dédie aussi ce site aux familles de tous ceux et celles qui se sont suicidés en prison, soit une personne tous les trois jours en France. Le drame de ces familles n'est pas suffisamment pris en compte ; elles sont souvent écartées, sans connaître l'exacte vérité sur la mort terrible de leur proche."

"En ce premier janvier 2004, je dédie tout spécialement ce site à David ("Dadou"), 21 ans, qui s'est suicidé dans une cellule du quartier disciplinaire de la maison d'arrêt de Limoges, le 18 juillet 2003. Paix à son âme ! Il s'est donné la mort cinq jours avant son procès, car il ne supportait plus l'horreur de la prison et des humiliations. Une rubrique lui est consacrée (voir dans les rubriques plus bas en encadré rouge : vous avez la possibilité de télécharger une pétition), avec un lien vers le site de sa chère famille dans la douleur, à qui nous disons de tout notre cœur : prenez courage, nous sommes avec vous. P.A."

E trata-se de um país bastante mais civilizado...

Transportes à borla na Tribulandia

Segundo um responsável dos STCP serão reforçadas as carreiras de autocarros para o Estádio do Dragão entre as 17H00 e as 24, bastando apresentar o bilhete de entrada no estádio para viajar sem pagar. Ou os STCP estão muito magnânimos (mesmo com os prejuízos que apresentam) ou a UEFA abriu os cordões à bolsa brindando os adeptos com uma guloseima. Cá para mim pagamos todos. Já agora, se se verificou o primeiro caso, também gostaria de saber quando há bilhetes à borla para ir para a escola, aos museus, ao teatro ou ao cinema.

Mais uma vez o problema das prisões na Tribulandia

Segundo o Público a Ministra da Justiça explica em plenário a reforma do sistema prisional. Será incluído um anteprojecto de lei quadro para o sector das prisões. A Comissão de Estudos e Debate da Reforma do Sistema Prisional (Cedersp) presidida por Freitas do Amaral elaborou 31 recomendações(reparem na simplicidade do nome da Comissão!). Como o Código Penal de 1982 já incluía tornar a pena de trabalho a favor da comunidade em pena principal (agora recomendada) porque não foi já aplicada? Pela demora verificada (22 anos) fazemos votos que entre recomendações, anteprojectos, estudos, debates, plenários e afins não se gastem outros 22 anos. Talvez seja mais célere a deliberação se alguém mediático lá for parar...

Fim de festa na Tribulandia

Terça-feira, Fevereiro 24, 2004

A morte prematura dos blogs na Tribulandia

Tudo o que se Vê, lê ou escuta na televisão ou na imprensa é verdade. Este o grande axioma da matemática das ideias. Ora a experiência vem mostrando a fragilidade de tal preposição. As imagens podem ser manipuladas ou apresentadas de várias formas, as notícias podem ser lidas de maneira a alterar o sentido, a induzir outros diferentes, os entrevistadores e os entrevistados colocam muitas vezes em dúvida o afirmado, subtilmente, muitos jornalistas são sujeitos a pressões de vária ordem ou as aceitam de bom grado, há notícias de prebendas e, em princípio, numa sociedade materialista, ninguém é imune às necessidades de manutenção do seu emprego. Vem isto a propósito de várias notícias saídas, ultimamente,sobre novos modelos de expressão pública, nomeadamente os blogs. Vem JPP dizer que muitos jornalistas publicam nos blogs opiniões que não podem exprimir nos jornais, outras notícias informam que há chefes de redacção de jornais estrangeiros (New York Times) que dizem não gostar de blogs pessoais em termos do jornal, e outros pretendem saber antecipadamente da criação de um blog ou sobre escritos que possam geral conflito de interesse com posições do Jornal. Assistimos agora ao encerramento de alguns blogs bastante conhecidos. Estará tudo isto relacionado? Só haverá lugar a uma verdade oficial? Aquela que mais interesse divulgar? Será que assistimos ao aparecimento de uma censura mais anódina e sub-reptícia? Será que vivemos um mito de liberdade e um mito de democracia? Tememos que sim.

Carnaval do país irmão da Tribulandia

Graça, beleza e alegria... Que pena não estar lá para matar as tristezas...

País irmanado com a Tribulandia

Numa pesquisa na net encontrei este site quetrip.com com os seguintes Artículos:

c.. Solo en Panamá, si te robas un pedazo de pan para comer, demoran cinco minutos en agarrarte la policía, 10 minutos en llevarte a una autoridad, 15 minutos en condenarte por tres meses en la cárcel y sin fianza, pero si te robas 50 millones, existen testigos que te acusan de soborno, demoran un año en abrirte un proceso, un mes en admitirlo, seis meses para que fallen diciendo no hay pruebas, que pase a la corte y que la corte diga que archiven el expediente, encima te conviertes en una celebridad de la televisión y todos te celebraran tu gracia.

d.. Sólo en Panamá, basta que hayas sido mujer de un ex- presidente para ser presidente tu y sin tener ningun experiencia política.

e.. Sòlo en Panamá hay miles de personas graduadas en la escuela de comunicación de la universidad, pero basta ser bonito y estúpido para ser animador de televisión.


Pareceu-me estar na Tribulandia, sem nunca ter ido ao Panamá. Se quiserem ver mais, nesta época de Carnaval, visitem. Vale a pena.


Um carnaval europeu na Tribulandia

Resolvi ir a um baile de carnaval com a minha Lurdinhas. Eu vesti-me de cidadão europeu de 1ª e ela de executiva da União Europeia. Sinto-me muito bem dentro da fatiota (alugada), com a carteira mais recheada (salário europeu e não a miséria que recebo), gasolina mais barata, espectáculos de qualidade, possibilidade de ir passar férias ao Algarve, a preços de chart inglês, boas escolas para os meus filhos e cuidados de saúde impecáveis. A minha mulher vai poder impressionar com as peles que comprou, as carteiras de fina pele,a cultura que lhe ministraram e deixa de pagar os alimentos mais caros e passamos a a ter uma alimentação como deve ser. Os vizinhos ficaram cheios de inveja ao verem-nos sair porque, nem no carnaval, tiveram a ideia de escapar ao lodo da Tribulandia que os atola em dívidas. Aliás, avançamos, pelo menos, trinta anos de civilização. O problema é que na quarta-feira, chamada de cinzas, temos que devolver as fatiotas, largar o sonho e voltar à mediocridade da realidade. Mas valeram a pena os euros gastos no aluguer.

Segunda-feira, Fevereiro 23, 2004

S.O.S da economia da Tribulandia

Segundo o Público a Economia Portuguesa andou dois anos para trás. É isto a que eu chamamos progredir. Desaceleração do PIB, indústria estaganada, diminuição do ritmo de exportações, desemprego, etc. etc... Mas como o carnaval na Tribulandia nunca para, manteremos a máscara da felicidade, fazendo de conta que tudo vai bem. Será que os sábios mentores da nossa economia passam os olhos pelos jornais ou estão tão ocupados a olhar para o umbigo que já nem se envergonham desta situação? Talvez esteja pensando em conseguir algum subsídio para aumentar a riqueza disponível. Ou um milagre. Ainda seria a melhor solução.

Universo onírico de um colunável na Tribulandia

Domingo, Fevereiro 22, 2004

Algum bom senso na Tribulandia, finalmente...

Já por diversas vezes, em posts anteriores, manifestamos o nosso desacordo quanto à política do cimento e das obras faraónicas que tantos recursos têm custado à Tribulandia e que poderiam ser melhor aplicados, especialmente na educação e formação. Há tempos veio a União Europeia chamar a atenção do governo para aplicar menos dinheiro em obras e mais em formação de recursos humanos. Finalmente, no Público de ontem, Marques Mendes diz que é tempo de menos betão e mais formação. Defendeu ainda que a liberalização económica deve ser a regra na actual sociedade globalizada mas subordinada a uma forte regulação, porque o mercado não é perfeito.Me alegro porque, finalmente, parece que chega algum bom senso à Tribulandia (vamos a ver se se traduz em acção) mas triste, ao mesmo tempo porque já há muito que se deveria ter invertidoa situação. A ver, se de futuro, somos mais sensatos, preventivamente, e não nos deixamos embalar pelo deixa rolar.

Beyonce na Tribulandia

Vídeo para alegrar o fim de semana e em especial o JMT

Sábado, Fevereiro 21, 2004

Vozes e consciências da Tribulandia

Miguel Sousa Tavares escreve no Público de ontem : "Se algum dia Santana Lopes for presidente da República, eu, pelo menos, vou passar a ter vergonha de ser português. Quero ser bielorusso, apátrida, monárquico, anarquista, qualquer coisa, menos cidadão de uma República de que ele seja Presidente". Se o ponto de vista não deixa de ter a sua lógica, dado o caricato da situação, ele revela a ponta de um iceberg que vai rolando em muitas cabeças. E não só por causa das ambições do Santana mas por todo um conjunto de situações, que seriam de repudiar, em situações normais, mas que se tornaram companheiras do nosso quotidiano.E por tanto se repetirem, tornam-se normais e aceitáveis, de facto. Parece que a doença das vacas loucas se espalhou mais do que o estimado. Ouço muita e muita gente não concordando com o que se passa na sociedade da Tribulandia mas no fim encolhemos os ombros e seguimos adiante, como se nada fosse connosco. Fatalidade irreversível? Muito devem gozar os mentores deste descalabro com a nossa ingenuidade. Teremos que ir mais fundo? Creio bem que sim.

Sexta-feira, Fevereiro 20, 2004

Janet Jackson bonita e integral na Tribulandia...

Um barco à deriva nos mares da Tribulandia

O barco guinando à esquerda, depois à direita. Endireita-se no centro e tomba de novo. Um enorme rombo no casco. Água por todos os lados. Botes de salvação rebentados. Bóias longe, na água. Sempre o mesmo comandante sonhador, lendo ditados antigos.O imediato sonhando com a namorada na amurada e enjoado. O oficial de máquinas jogando as cartas com os ajudantes. O motor trabalhando ao ralenti.Os marinheiros vendo a última telenovela. A tempestade se aproximando.Tubarões esperando as presas. Um pianista solitário tocando noturnos de Chopin. Um treinador brasileiro conta notas.Alguns jovens lançam-se à água. Um pregador exorta um pequeno grupo a preparar a eternidade. Um pessimista lembra que deveriam ter ficado em terra. Alguém, mais atinado, lança uma garrafa com um pedido de socorro.

Quinta-feira, Fevereiro 19, 2004

Retrato-robot de um tribu competitivo na Tribulandia

Procura-se frio, vazio, sem sentimentos nem valores. Múltiplas oportunidades de sucesso.

O circo na Tribulandia

Li hoje um artigo de José Pacheco Pereira do Abrupto no jornal Público com o qual não posso deixar de manisfestar o meu mais completo acordo. Diz a determinado passo que "O país quer circo e hoje dois espectáculos estão garantidos: o da política com Santana Lopes e o do futebol com o Euro. Dias grandes para a televisão. Muito circo, pouco pão."
Eu acrescentaria que não é só o Santana Lopes que dá espectáculo, embora reprove os seus métodos, mas muitos outros de deliciam nas acrobacias de um poder que não sabem exercer dignamente. Foram eleitos e durante o período do mandato fazem o que lhes apetece, sem qualquer benefício para a sociedade onde se inserem. Depois queixam-se da má opinião que muitos cidadão têm deles. Pelo menos, os que não ficam embasbacados com as suas piruetas. O futebol leva a reboque a política porque já percebeu as "paixões" que suscita em largas camadas, cada vez pior educadas, e mesmo com prejuízos avultados, continua na festança, à custa do orçamento e da televisão que também pagamos. Aqui temos os novos Coliseus de Roma, onde não faltam os senadores a partilhar a diversão com a plebe que outros motivos de alegria não tem.

Quarta-feira, Fevereiro 18, 2004

O fadário dos buracos na Tribulandia

Segundo a imprensa, as empresas públicas da Tribulandia apresentam um buraco de 15 mil milhões de euros. Em causa estão empresas como a RTP, a TAP, a Carris, a CP, entre muitas outras. As culpas da situação são atribuídas ao próprio accionista, além de eventuais deficiências ao nível de gestão.Ora como o accionista é o Estado, representante de todo o povo,significa que iremos pagar as culpas, mesmo sem sermos atidos nem chamados. Se podemos aceitar que algumas delas sejam passíveis de prejuízos sistemáticos, por outro lado duvidamos muito da eficiência da gestão para minimizar os prejuízos ou equilibrar a gestão. Como são empresas públicas parece que o que há a fazer é gastar sem conta nem medida. Pode ser que a seguir sejam privatizadas e desvalorizadas para gozo de quem as comprar. Por experiência, já vimos gestores públicos conduzirem uma gestão desastrosa em empresas públicas lucrativas, quase as levando à falência, e depois de afastados irem governar outras semelhantes! Parece que na Tribulandia a incompetência também dá prémios. Como falta muito brio profissional, o que interessa é demonstrar a ineficiência do sector público por razões ideológicas e de interesse pessoal.Leva-nos até a pensar que todo o sistema se revê na ineficiência e no compadrio.

Cativeiro na Tribulandia

Antevisão de futuro na Tribulandia

Há dias conversando com um velho amigo da área das sociologias, trocamos impressões sobre os diversos flagelos sociais que atormentam a nossa sociedade: egoísmo extremo, falta de respeito pelo semelhante, descrédito da política, rebaixamento do nível cultural de largas camadas da população, competividade e trabalho exagerado de muitos jovens, ausência da valores afectivos (familiares e não familiares), ausência de perspectivas de futuro tranquilo, insegurança social e económica e muitos outros que todos vamos reconhecendo no dia a dia. Falamos ainda da descrença e da indiferença geral, do predomínio da diversão a todo o custo, do hoje como meta indiscutível de um viver fictício. O meu amigo a determinado ponto disse-me que nos encontramos no caminho do fim de uma civilização e ainda não sabemos o que a vai substituir. A princípio, não concordei, inteiramente. Mas pensando melhor, não deixei aceitar o seu argumento.E nos últimos dias, tenho vindo a pensar o que será e quando esse final se verificará. Penso que ainda demorará e que se irão verificar muitos acontecimentos antes disso. Uma certeza entra no meu raciocínio. Vamos pagar caro os erros cometidos, todos nós sem excepção. E de que tipo será a nova ordem social, económica e cultural? Não tenho respostas mas tenho receios.

Terça-feira, Fevereiro 17, 2004

Esperança de bom senso na Tribulandia

Ao passar os olhos pelos jornais e alguns blogs vejo a preocupação com a situação das cadeias da Tribulandia. Sendo um tema que, sempre, despertou a minha atenção (ver blogs anteriores) pelo que revela de insensibilidade colectiva e ausência de valores humanistas, congratulo-me com todos os que desejam uma melhoria concreta desta situação. Todas as vozes são poucas para impulsionar os responsáveis a actuar.
Vejo que também Bruxelas, através de orientação da Comissão de Reforma dos Fundos Estruturais da União Europeia, aconselha o Governo a gastar mais nas pessoas e menos em auto-estradas e a não concentrar os fundos, de maneira excessiva, em Lisboa. Não poderia estar mais de acordo. Esperemos que a posição de Bruxelas tenha sentido para o governo da Tribulandia e que este se faça de distraído para bem da nossa juventude, dos nossos trabalhadores e empresários e de todos nós. Só assim o país terá lugar entre as nações civilizadas do futuro.

Segunda-feira, Fevereiro 16, 2004

Pesquisas na Tribulandia

Sábio da Tribulandia procurando estratégia de desenvolvimento em Marte

As soluções imediatistas de combate à criminalidade na Tribulandia

Na Tribulandia, ainda há quem pense e traduza em palavras raciocínios muito correctos. Refiro-me a um artigo aparecido no Público, de 14 do crt., assinado por Eduardo Dámaso como o título de "Criminalidade".Depois de enumerar os números apresentados pelo ministro da Administração Interna e de concluir que na verdade há um aumento não despiciente de criminalidade, havendo casos onde a polícia nem consegue entrar em bairros periféricos das grandes cidades, menciona e bem que este fenómeno não se combate apenas com mais policiamento. Fala sobre as raízes profundas desta deliquência e que se encaixam no tipo de sociedade que estamos a construir. Concordamos que encontram razões no desemprego e na desigualdade social, nas dificuldades económicas, na espiral consumista e na ausência de uma política educativa virada para a prevenção. As causas não se esgotam nestes factores, e não podemos deixar de acrescentar a macrocefalia das grandes cidades, o egoísmo como meio final de alcançar a felicidade, o estado das nossas prisões que em vez de reconverter, ampliam o fenómeno criminoso e mais grave do que isso o modelo de concorrência a todo o custo pela sobrevivência dos fortes (leia-se instalados) no topo da pirâmide, como alguns que andam reunindo, tentando ser salvadores de uma pátria que têm ajudado a afundar.

Sábado, Fevereiro 14, 2004

Convites à moda da Tribulandia

Sexta-feira, Fevereiro 13, 2004

Diferenças de competência de gestão na Tribulandia

Vejo na televisão uma entrevista com um administrador de uma multinacional alemã instalada em Portugal. Fala um português meio galego. Perante as costumadas perguntas sobre a crise económica e a realização de investimentos, o dirigente responde sensatamente sobre as medidas adoptadas para fazer face à situação e estou de acordo com a quase totalidade do que diz.O entrevistador pensa em grandes investimentos em imobilizado como símbolo de permanência e desenvolvimento e o estrangeiro em termos de formação efectiva e melhorias no dia a dia. Nada de grandes frases. Se fosse interactiva a sessão aplaudiria. A seguir vem um gestor tribu de uma grande empresa comentar. Frases feitas. Não precisava do comentador. Já o ouvi dissertar sobre centros de decisão e centros de competência e não disse nada de jeito.
Quando eliminaremos este handicap de competência? Penso que será muito difícil. Uns designam homens que sabem o que fazem e têm experiência. Outros fazem cooptação de apaniguados de seita.Depois admirem-se das diferenças de nível de vida.

Diálogo Norte-Sul na Tribulandia

Quarta-feira, Fevereiro 11, 2004

Recordação de reunião de sábios com barbas na Tribulandia

Salvadores da Tribulandia

Um grande sábio da Tribulandia, membro do grupo de sábios, disse que os centros de decisão económica podem estar algures, sem afectar a identidade cultural da Tribulandia. A continuar assim ainda vai ser citado em chinês.

Procura de candidatos na Tribulandia

Um diz que não é candidato mas que está preparado. O outro diz que pode ser candidato mas que ainda não esta´preparado.O outro diz que ainda é cedo para ser candidato quando o convidam a ser candidato. Outro sonha ser candidato se e quando parar de viajar e se esquecerem dele. O que lá está parece que julga ser candidato mas vai deixar de ser.Um que está preparado não vai ser candidato.Um que julga ser candidato vai viajar cheio de livros.Uns não são candidatos mas apoiam os outros e mandam. Milhões não são candidatos e vão pagar as contas.

Terça-feira, Fevereiro 10, 2004

As zangas das comadres na Tribulandia

Uma tragédia em campo trouxe os melhores “sentimentos” a muitos protagonistas do mundo do pontapé. Ele eram abraços, choro, declarações de paz para cem anos, irmandade enfim... Se já estamos habituados às fantasias rocambolescas de muitos dos protagonistas, não deixamos de nos surpreender com o que considerámos um exagero mediático de um facto que merece respeito. Mas de que vive o fenómeno? De suscitar paixões. Muleta importante dos meios audio-visuais, da imprensa e da política tem que haver algo que mantenha a “chama” acesa. Já que não existem outros meios de realização pessoal e colectiva, há que construir “irmandades” que possam, discutir hora a hora, todas as variantes daquilo que hoje é mais do que um desporto: um negócio que movimenta milhões. E os seus principais protagonistas, inteligentemente, exploram o filão. Até já se confunde a realização de um campeonato com um desígnio nacional. Cruzes! Ele é o jogador que veio gordo demais, o outro que teve problemas com a mulher, o que se espetou com o carro quando vinha dos “treinos” nocturnos, os insultos a outros do mesmo ofício e as suas reacções, as pazes possíveis, as não possíveis, o rasgar ou não das camisolinhas... Acesa a chama, só lhes resta esperar por melhor ocasião para jantarem juntos e saborearem os frutos da “discórdia”. Os crédulos adeptos pagam as facturas directa ou indirectamente. Basta ver os políticos sentados nos camarotes...

Segunda-feira, Fevereiro 09, 2004

A vida que a poesia traz

Fernando Pessoa


Marinha

Ditosos a quem acena
Um lenço de despedida!
São felizes: têm pena...
Eu sofro sem pena a vida.

Doo-me até onde penso,
E a dor é já de pensar,
Orfão de um sonho suspenso
Pela maré a vasar...

E sobe até mim, já farto
De improfícuas agonias,
Do cais de onde nunca parto,
A maresia dos dias.

Domingo, Fevereiro 08, 2004

A culpa morreu solteira na Tribulandia

Na Tribulandia os grandes culpados das derrotas são os soldados rasos

Pelos difíceis caminhos da Tribulandia

A insegurança e a violência na Tribulandia

Na rádio, pela manhã, uma mesa redonda. Primeiro tema: segurança. A propósito de uma campanha política de cartazes, colocados na capital. Boa ou má ideia, mais parecia a um dos comentadores que a campanha se destinava já às presidenciais, pondo em causa a figura de um potencial candidato. Os normais apelos a mais polícia e mais vigilância. Todos temos tendência a ser polícias. Parece que o facto de envergar uma farda ainda é um símbolo presente de autoridade. Qualquer coisa vai mal na sociedade? Mais repressão. Os impostos não chegam? Mais fiscalização.
Embora haja muito boa gente a fazer estudos sobre a origem da violência e da insegurança, nunca
começamos por procurar eliminar as causas, indo urgentemente aos efeitos. Parece-me haver uma estreita relação entre princípios aceites pela sociedade, educação, situação económica, marginalização de camadas populacionais, violência instituída e oficial, e mentalização de grandes grupos sociais para o triunfo a todo o custo e para o consumismo. Uma sociedade que ignora os valores e tem como principal deus o dinheiro;que admira as pessoas pelo que possuem;que exacerba a violência da imagem e o herói bruto;que ignora que deveria dar igualdade de oportunidades no acesso à educação e à cultura; que se precipita no estabelecimento de desigualdades cada vez mais aberrantes;que julga que o mercado resolve tudo milagrosamente;que se distancia do semelhante sem êxito material; que inconscientemente pratica racismo mesmo em relação aos seus irmãos de raça e que incita ao possuir por qualquer processo, o que poderá esperar? Tranquilidade e bem estar? Que fazemos nós relativamente aos que são castigados e punidos? Recuperamos os possíveis? Ou metemo-los em ambientes degradantes, fazendo de conta que não existem? Não teremos que tentar mudar o egoísmo geral, pelo menos a partir das futuras gerações? Se nada se fizer, nesta democracia formal, certamente acabaremos por ter para cada cidadão um polícia.

Uma paragem na Tribulandia

Há dias que não escrevo para o blog. Sinto a falta desta comunidade de ideias e imagens. A vida traz-nos alguns acidentes de percurso através da sua irmã, justiceira final : a morte. Agora a mãe de um amigo que nos acarinhou em criança, depois um amigo (quase um irmão). Uma semana de choques, um abalar de sentimentos de perda, momentos de desorientação, pedaços da nossa vida que se esfumam e nos empobrecem, uma coragem que se afirma exterior, um abraço que não transmite o que nos vai na alma. Damos por nós em rituais sociais dos quais nos apetece fugir, mudos como estátuas, cigarros que não se esgotam e caminhamos pelo vazio. Para onde foram as palavras? Não sabemos como estar nem ouvir. Somos o silêncio feito perda.
Entro num cinema e vejo “A vida e tudo mais...” de Woody Allen. Pouca assistência. Um humor que nos traz algo de positivo. A sensação se sermos humanos, perdidos na teia das relações complicadas. Um incentivo a continuar. Saio. Não recuperei ainda, mas sinto que a rua é minha também. Que as pessoas que passam me dizem muito. Que sou um deles. Vou ao blog. Vejo que tenho visitas. Estou menos só.