Visão Online -
Alegre se fez triste
Miguel Carvalho
(...)
"Eu esperava que Alegre fosse, agora, o tal homem livre de que se fala nos poemas. O homem das causas numa época com falta delas. Mas Alegre, traído e atropelado por um PS sem memória, interesseiro e mercantil, nada pôde e nada quis contra a vaidade do pai Soares e a passadeira do Sócrates filho. Mário tem medo de não ficar na história. José tem a sobrevivência dos seus para garantir. Manuel faz birra, mas come a sopa. Da panela.
Este era o tempo de Alegre escrever o seu poema maior em nome de valores que não se traficam. Perder ou ganhar, pouco interessava, se acima disso estava, como ele disse, a vontade de ser livre.
Alegre quis o verso, esboçou o poema. Saiu-lhe um epitáfio. O seu.
Sinais dos tempos. O politicamente correcto enterra-nos a todos. O sonho serve apenas para a poesia triste duma pátria desgraçada.
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