Sócrates tinha um dilema: queria uma política neoliberal mas não lhe agradava que Cavaco e Silva fosse presidente pois este poderia ter outras ideias para o país (mais homem de Estado), embora fosse da área tecnocrata. Manuel Alegre com o seu carácter era um perigo ( ainda por cima poeta) e foi a correr buscar ao baú Mário Soares com a intenção de ter um presidente tipo Sampaio II e ir buscar votos à esquerda e à direita. Os candidatos, para marcar presença, lá engoliriam outra vez sapos e na segunda volta apelariam ao voto no fixe Soares. Só que muita malta já anda farta de rótulos e de enganos e muitos dos que não se reviam nesses candidatos votariam, para variar, no Cavaco e Silva.
Manuel Alegre, sabe-se lá por quê, andou por ali indeciso. Que não tinha apoios, que lhe faltava isto e aquilo e foi empatando. Vieram as sondagens e viu que sempre havia portugueses que acreditavam nele, não apenas de esquerda, seguramente. Avançou em Águeda. Cairam-lhe as comadres em cima, desvalorizando ou começando a morder. Os pequenos candidatos ficaram inquietos. Então o PS já não tinha um candidato para eles depois apoiarem? Lá se vai o esquema habitual. Esquecem-se todos de que precisamos na presidência, em nossa opinião, de um homem de convicções, com carácter forte, humanista, culto, não atrelado aos partidos, não acomodado ao "sistema" vigente e patriota. Homens nessas condições há poucos: Adriano Moreira que não serve a esta "direita" dos negócios e retirou-se, Freitas do Amaral que arrumaram com o ministério e Manuel Alegre. E não vemos mais. Tipo Guterres e Vitorino não faltam. Se Manuel Alegre concorre por ideais e não para servir de muleta a Mários Soares na segunda volta, pode ganhar. Saiba ele capitalizar a tristeza e descontentamento de quem não se revê como criado e servo de interesses estranhos e ainda sente orgulho em ser português.
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