domingo, setembro 18, 2005
O sector público é para arrumar
Os constantes ataques a sectores fundamentais da vida em sociedade organizada, (educação, saúde, magistratura e, por último, militar) não param em nome do sacrossanto défice do sector público que passou a ter uma conotação de dispensável para redução de despesas. Toda uma política cega de diminuição de produção e de competitividade acompanhada de esbanjamento e de ilícitas apropriações financeiras não é nem interessa ser discutida. Agora, na moda, está a instituição militar. Não sendo propriamente adeptos de políticas militaristas ou defensor desse flagelo chamado guerra, não podemos, no entanto deixar de refectir sobre o que levará tantos entendidos a pretender salvar o país como o desprestígio das forças armadas e de outros sectores públicos. O mundo não entrou ainda numa era de paz global (para isso seria necessário um nível educacional inexistente), transformaram as forças armadas em grupo profissional (discutível) e não nos parece benéfico entregar a outros a defesa das nossa poucas riquezas e valores. Lemos agora num periódico conceituado, alguém escrever que a sua diferença em relação a outros sectores públicos também atacados é a sua completa inutilidade, fazer apelo à disciplina para aceitar o que lhes impõem, cortando o direito à liberdade da indignação, e ainda sugerir que o país se afunda com eles. O país afunda-se mas é com a imbecilidade, com a falta de carácter e com tanta falta de seriedade pessoal e económica. Que tal exércitos privados para defenderem as costas aos corruptos e poderosos? Porque não acabar com a polícia de segurança pública? Sempre se poupavam uns euritos. A lei da selva está por aí e não faltam defensores. Os valores e a cultura portuguesa já andam por aí ao Deus dará e nem dão para hipotecar. Evolução ou falta de bom senso? Inclinamo-nos mais para abandalhamento premeditado.
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