Nascem em bairros de lata. Não vão à escola e os seus locais de brincadeira são as ruas. Os pais, também eles párias forçados de uma sociedade desumanizada, emborracham-se e batem nas mulheres. Querem possuir o que os outros jovens têm e não podem. Vêm a felicidade nos objectos mais ou menos sofisticados da sociedade de consumo. Começam a roubar na adolescência, a fazer sexo com um machismo entranhado na pele. Fazem filhos cedo que irão prolongar o mesmo ciclo. Falam mal, são agressivos e revoltados. Mais tarde ou mais cedo irão ser julgados e parar à cadeia.
Ao seu lado, passam, nas viaturas reluzentes, os sortalhudos desta roda cega que alimenta a sociedade. Estes acham que os outros feios e porcos tornam o ambiente feio.
Estes admiram os futebolistas, os modelos e os Vitor Constâncios do sistema. Para aqueles espertos são os que roubam milhões. Passam trinta anos e tudo fica pior. Culpa de quem? De ninguém...
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