domingo, janeiro 08, 2006
Manuel Alegre - O homem e a esperança
Os cravos já foram parar às sarjetas da inutilidade e as bandeiras da esperança substituídas pelos panos pretos do desemprego e da miséria. A alegria constange-se no interior das latas de quatro rodas e na comunicação dos telemóveis. Uma juventude desorientada ilude-se no consumo fácil e descura a sua realização pessoal, incentivada pelas contínuas campanhas de egoísmo que lhes inculcam também sentimentos de insegurança e lhes apontam o caminho da solidão e do trabalho sem satisfação. Os velhos perdidos na sua inutilidade produtiva vão-se acabando no lento desenrolar dos dias sem diferença. A economia passou a ser apenas dos espertos e não dos empreendedores, afundando-se nas metodologias da ignorância e da submissão a interesses estrangeiros. O amor deu lugar ao egoísmo compartido e ao visual mediático das top stars. O sexo também é mercadoria e não poesia como canta uma brasileira. As instituições deixaram de obedecer a princípios e seguem o caminho dos interesses. A linha ténue da fronteira esbate-se e apenas falta rasgar a bandeira do sonho colectivo. A vitória das múmias parece já assegurada pelo establishment. No meio de tudo isto, apenas Manuel Alegre parece poder carregar as résteas do sonho de ser português. Tem defeitos? Claro que não é perfeito mas será a última luz que poderá evitar a cegueira total.
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2 comentários:
Há que empurrar quem deu sinais de inconformismo.
E nunca será mais apropriado o slogan, “Traz outro amigo também”
I'm back! Curioso, de todos os candidatos este faz-me lembbrar o presidente da república checa. O ser poeta tem importância lá; cá não, somos todos poetas...
P.S. I'm back, abraço
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