A violência urbana

Após 10 dias de violência urbana, o primeiro-ministro francês Villepin vai dotar os bairros periféricos de mais verbas do orçamento (Le Monde). Começam a sentir-se inquietações também em Portugal com o receio de que o fenómeno alastre e debatem-se as suas causas. Uns já dizem que por muito mal que vivam na Europa sempre é melhor do que nas terras de origem! Outros tentam identificar os perturbadores da ordem pública com as raças ou crenças. Todos se esqueceram das franjas da população que vão sendo vítimas da ausência de oportunidades que a sociedade actual cria. Vamos todos vivendo a nossa vidinha, se pudermos, e, egoisticamente desprezando o que não nos incomoda. Incentivamos o consumo pelo consumo e não damos qualquer importância aos valores de respeito pelo outro e pela sua natureza humana. Não temos hábitos de convívio e julgamos que o isolamento nos protege dos outros. Reiteradamente, enviamos para fora das escolas jovens, sem qualquer preparação. Julgamos assim que a tecnologia resolve tudo e que o adormecimento televisivo é contagiante. Somos também agentes de outro tipo de violência. Temos que mudar e olhar para o próximo com olhos de ver e sentir. Talvez assim, escapemos ao caos que ajudamos a instalar.