sábado, novembro 19, 2005

Um mundo de espertos insensíveis e ignorantes

Muitos dos debates sobre economia são absorvidos sobre o défice orçamental, suas implicações no nível de vida actual e sobretudo nos cortes necessários nas despesas de saúde e de educação, bem como na insustatibilidade do modelo de segurança social que como sabemos é muito fraco (como sempre foi) e tem condenado gerações de desfavorecidos a finais de vida tristes e desumanos. Junta-se o facto de muitos dos participantes terem uma noção primária da economia o que os leva, algumas vezes, a fazer afirmações sem o mínimo de consistência.
Não há dinheiro logo não haverá segurança social, ponto final. Falar da organização primitiva da maior parte das empresas, do papel legislativo abundante mas complicado para a vida económica, dos gastos não reprodutivos e sumptuários, do que afinal é o choque tecnológico (que mais parece uma receita para remédio dos calos) e da impreparação de tanto gestor que do cargo só vê o que ganha (imerecidamente), dos investimentos necessários e da maneira de os concretizar na economia competitiva:nada. Parece que a economia é deles e veio num artigo do jornal do partido para principiantes. Desde logo, uma marca ideológica (que dizem ter acabado) e uma insensibilidade para os problemas sociais que chega a enojar. A humanidade sempre soube o que era uma cadeia social e por estranho que pareça os selvagens dão provas de maior civilização, neste caso. Cada geração lega à seguinte um conjunto de valor acrescentado e não consumido. Para ser verdade que os jovens de hoje (ao sustentar a geração seguinte) estão a ser prejudicados seria necessário que abdicassem de todos os bens produzidos anteriormente e construíssem um novo mundo a partir do zero. Acresce o facto de até chegarem à idade adulta e trabalharem consomem produtos e serviços feitos pelos outros. Não se trata de caridade pagar reformas trata-se de direitos, a menos que os que produzem quando já não o possam fazer sejam considerados descartáveis. Isto que parece bom para os que acumularam o suficiente (muitas vezes à custa dos outros) para viverem o resto dos seus dias sem reformas, traduzir-se-á no princípio do fim do que chamamos sociedade. Alguns, dos que pensam assim não tiveram pais ou então já descendem de indivíduos sem qualquer noção de civilização (monstros insensíveis que geraram outros monstros). Só falta daqui a pouco advogar um extermínio generalizado de velhos (não ricos, sublinhe-se).

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