terça-feira, março 24, 2009

Nada acontece por acaso nesta crise

O sistema montado deu os seus resultados. Endividaram-se os cidadãos pelo incentivo ao consumo, lucraram-se milhões com operações de investimento fantasma e depositou-se o problema no Estado. Este, obediente e submisso, embora com grandes palavreados, através dos seus legítimos proprietários, os nossos queridos governantes toca de acudir ao fogo.
Tudo já estava mais fragilizado neste paraíso à beira mar plantado mas a crise internacional veio dar uma ajuda para tapar a sujidade própria, a incompetência, a corrupção, a sem vergonha e a qualidade exacrável dos nossos políticos.
Os media ajudam com o seu alarido a tornar banal a safardice e passados alguns dias ou semanas tudo continua na mesma: pedófilos, subsídios repartidos entre quem recebe e quem concede, futebol manuseado, políticos que se agridem verbalmente e dividem os lucros a meias. A Justiça tão célere em prender quem rouba um pão, arranja os argumentos mais irracionais para safar os amiguinhos de poder e o cidadão que sempre trabalhou é espoliado na saúde, nas reformas, nos impostos absurdos e no engordar da Galp, da EdP e da Galpgas. Nunca neste país se pagaram impostos tão elevados para sustentar uma democracia podre e a cheirar mal. Assim se vai gastando a vida de milhões em prol da ostentação de alguns.
Afinal parece que, passem as palavras bonitas dos discursos, o sistema está montado para a desonestidade e castiga quem se mantiver honesto. Claro que é preciso alguma esperteza para se manterem na ilegalidade dentro das leis que eles mesmos fabricam. Ao lado da criminalidade mais tradicional temos a de colarinho branco não menos perigosa mas mais estável nos sofrimentos que inflige.
Vamos para onde? Para tapetes dos senhores, para uma nova forma de escravidão adormecida nas telenovelas, nas transmissões consecutivas de futebol, nos escândalos das revistas. Do país pouco há a dizer. Está quase todo vendido e só falta nos obrigarem a falar outra língua qualquer. No meio disto tudo, Manuel Alegre continua a fazer de virgem impoluta romana, farta de andar nos bacanais.

1 comentário:

Mami Reis disse...

Finalmente li explicado em palavras simples o que se passa neste país,E somos todos culpados,uns por cómoda omissão, outros por interesses mal confessados.Mas o que se espera dum povo que se sabe mais de futebol, de , treinadores do que das leis do seu país, um povo que vai berrar para os comícios eleitorais,mas que nem sabe o nome do deputado que o representa.Porque os governantes têm nome, não têm?