domingo, abril 30, 2006

A cultura da pobreza

O Público de hoje refere-se à tese de doutoramento do sociólogo Eduardo Rodrigues da Universidade do Porto sobre a inclusão social e as debilidades dos programas de inserção praticados. A determinado passo, lê-se: "Encontramos vastas zonas residenciais com populações em dificuldades, num complexo de estigmatização", assinala. A vulnerabilidade "sentida" é "insuflada pela percepção de que as formas de intervenção pública não têm servido para inverter a situação". Ergue-se "uma crescente distância às instituições, elas próprias fragilizadas do ponto de vista da capacidade de respostas (técnicas, financeiras e organizacionais). Noutro artigo sobre o mesmo tema: As mulheres da comunidade cigana do Freixo, no Porto, aprendem as primeiras letras. Estão "sedentas de uma oportunidade". Mas os homens "não fazem nada", circulam por ali. Dependem todos do Rendimento Social de Inserção. Assim vai este país que tentam iludir já com os slogans da final do Campeonato Mundial de Futebol, esperando talvez que os outros países vão à Alemanha para acompanhar o triunfo dos nossos heróis. Para além da cultura da pobreza, todo o sistema e, em especial, o estatal, tenta difundir uma cultura do embrutecimento para a generalidade do povo, deixando a cultura erudita para o Centro Cultural de Belém. Só nos resta ficarmos agradecidos pela quantidade de camisolas e de cachecóis que abrilhantam a nossa existência aos sábados e domingos.

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