Há dias celebrando o 25 de Novembro, um ilustre militar, antigo Presidente da República (ou resprivada) declarou que quando os militares fizeram o 25 de Abril só tinham a intenção de restaurar uma democracia parlamentar, logo esquecendo-se do resto que a devia acompanhar: igualadade de oportunidades, educação a sério para os jovens, saúde competente para a população, mérito no serviço da causa pública e justiça decente para todos. Bem dizia meu bisavô que quando os militares se metem a fazer alguma coisa só sai porcaria. Passamos assim de uma ditadura mais ou menos branda e ruralizada para uma democracia de república das bananas. Alguns benefícios apareceram para quem trabalhava, sobretudo fruto de uma política de crédito ao consumo, alicerçada no esbanjamento e no endividamento externo mas foi sol de pouca dura. A famosa entrada na União Europeia tão badalada pelos políticos serviu para construir estradas, subsídios agrícolas para comprar jeeps e Mercedes e claro está para escoar produtos de novidade de países mais desenvolvidos.
Resultado à vista, uma agricultura despedaçada e improdutiva, uma indústria a desmoronar-se e uma banca vendida na sua maioria. Meia dúzia de monopólios na área da distribuição e da especulação imobiliária
constituem os restos do tecido empresarial, juntamente com a electridade, os correios, os combustíveis e as águas (tudo a preços de monopólio). Para adormecer o cada vez mais inculto indígena os campeonatos de futebol,
os telemóveis, os carros a pagar a 72 e mais meses, os televisores LCD (com e sem led), as telenovelas e a cerveja a rodos.
Agora, aqui del rei. A bancarrota, os juros e os impostos a subir, as pensões a diminuir, os benefícios sociais a irem para o balde do lixo e quem quiser que se aguente.
Claro que houve uma crise internacional e isso parece uma manta rota que cobre todos os disparates. Os partidos são uma espécie de agência de empregos no Estado, o abanar a cauda sinónimo de competência, a iniciativa privada é quasi nula e as escolas afadigam-se em produzir doutores ignorantes. Haverá meia dúzia de excepções que só servem para confirmar a regra. Claro está que Bruxelas manda cada vez mais nos serventuários locais e a independência nacional que os antepassados defenderam com sangue suor e lágrimas é agora também vendida ao quilo a alemães, franceses e espanhois entre outros.
Avizinham-se elições para a Presidência da República (se a isto se pode chamar República). Os discursos inflamados aí virão mas pouco mudarão ou nada.
Chama-se a isto enterrar uma nação
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