sexta-feira, outubro 31, 2003

Fenómeno Tribu

Ultimamente tem sido grande o interesse da população quanto às matérias do Direito e da Justiça. A corrida às livrarias tem condicionado o trânsito, já de si malfadado pelos buracos existentes, e livros como o Código do Direito Penal, Código do Processo, Código Civil, estão, simplesmente, esgotados. Consta até que, mesmo o Código Comercial corre o risco de desaparecer das estantes...As conversas normais do dia a dia estão pejadas de termos como arguído, tramitação, segredo de justiça, acesso ao processo, juiz que anda de mota, juiz que faz ginástica, inocentes e mesmo os telediários não perdem oportunidade de nos fazer refectir sobre a temática da Justiça. Um amigo meu até me disse que eram melhores do que o Big Brother mas custa-me a crer, dada a cultura que me invade quando estou no meu sofá apreciando a Juquinhas a falar com a mãezinha (chorando de alegria!!!), o Tonecas a tentar ir para a cama da Serafina, o pai dela a dizer que ela se segura (duvido) e, sobretudo, os momentos deliciosos de ternura quando tomam banho juntos...Cheguei até a assinar o canal privado mas a minha mulher não me quer a saber mais do que ela.
Mas voltemos à Justiça. Parece que a estátua que de olhos vendados a representa, tirou a venda e pôs-se a olhar para onde não devia. Eu sempre julguei desde pequeno que a venda era para não distinguir ninguém mas o meu barbeiro explicou-me que era para não ver certas coisas... Fiquei banzado. Ele também me disse que a espada era para uns e a balança para pesar outras coisas... E andei eu tantos anos a estragar a vista a estudar Direito na escola e o pouco que fiquei a saber ainda me faz, agora, mais ignorante. Vai daí, é preciso reformar a Justiça. E eu que pensava que a Justiça era um valor absoluto, impossível de alcançar. Malditos filósofos.
Toda a gente percebe agora de leis e isso não me parece bem com a falta de emprego que existe para os recém licenciados. Alguns locutores interrogam ilustres juristas mas mesmo depois de eles, cabalmente, terem elucidado os humildes espectadores ainda aparecem perguntas como: - Mas mesmo assim, não se terá enganado o juiz a decidir? E mesmo que se prove alguma coisa não será que o arguído estará inocente?
Será que os julgamentos terão tendência para ser feitos na TV e depois os espectadores votam se é inocente ou culpado, segundo a orientação dos entrevistadores??? Os feios e antipáticos (não colunáveis) que se cuidem.
Alguns dizem que os juizes andam só a atrapalhar o progresso (?), atacando pessoas tão simpáticas e que alguns deles se deviam limitar a julgar pequenos delitos, coisas assim como multas de estacionamento, roubos de porta-moedas e parecidos. Aliás, não se compreende que um juiz use calças de ganga e ande de mota. Era o que mais faltava...
Esses juizes deviam ser condenados a participar num talk-show, a desvendar toda a sua vida pessoal e se não satisfizessem a curiosidade da malta eram enviados para locais como o Polo Norte para refectirem.
Eu, cá por mim não vou em cantigas e por causa das coisas, continuo a pensar que são os mais sérios. Assim, pelo menos durmo sem insónias.
Até mais ver. Não me esqueci do nomeado para o Nobel (Dizamen) mas ando fraco de massas e as fontes de informação estão cada vez mais exigentes.

Conselho do dia- Se quando o automóvel que para ao seu lado não for um Jaguar como o o seu, mostre a sua mais carrancuda cara para
lhe expressar todo o seu triunfo na vida e a admiração que ele lhe deve. Você merece.

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Um tribu NOBEL

Parece quer depois de um largo jejum na atribuição de prémios Nobel, a população anda alvoroçada com os rumores sobre a possibilidade de dois eminentes economistas da tribo dos que conseguem ocupar vinte cargos (de administração), ao mesmo tempo, serem nomeados para aquela bonita cerimónia sueca (todos de frasque) que nos enche o olho mesmo em ecrans de mais de 70cm com som stéreo. Sempre me deixo ficar embebecido com tanta ciência junta. Só que desta feita, embora haja pouca investigação científica, algum dos nossos vai aboletar alguma massa. Nada de mais merecido para quem tanto tem contribuído para a nossa capacidade de apertar o cinto pesem as nossas rotundas barrigas e apetites devoradores.
E que fizeram essas sumidades? Segundo fontes não oficiosas e de pouca confiança, não querendo quebrar o segredo ( actividade em que somos peritos) trata-se do Professor Sestisfeito e do Senhor Doutor Professor Dizamen ( de ascendência alemã?).
O Professor Sestisfeito passou os últimos quarenta anos a investigar a reforma administrativa do Estado, usando lentes grossas, lendo mais de 80765907 páginas dos mais diversos e doutos relatos sobre um tema que, quase quotidianamente, aflige as tribumentes. E, milagre dos milagres, conseguiu sintetizar os ditos estudos em pouco mais de 54 páginas (tamanho A4) atingindo a fórmula do sucesso seguro ou seja a que leva a mexer pelo menos um dedo para apressar qualquer dossier parado na gaveta de qualquer burocrata zeloso, em fase de extinção.
Consta que em todas as sociedades mundiais se espera ansiosamente pelo lançamento público da fórmula que envolve os mais dificeis cálculos e exige pelo menos o investimento em vários computadores de lógica aleatória com capacidade para digerir problemas sem solução.
Bem, fico por aqui. Vou recolher mais fugas de informação sobre o segundo candidato.

Conselho do dia – Se o automóvel que circula à sua frente parar para evitar atropelar uma senhora distraída, buzine forte e puxe do vocabulário mímico para lhe ensinar que um minuto na vida é mais importante do que uma vida.

quarta-feira, outubro 29, 2003

Um tribu na TV

De vez em quando sonho acordado. Imagino-me num país diferente daquele em que nasci, visionando toda uma amálgama de acontecimentos que se desenrolam como num conto de fadas, não faltando as feiticeiras e sobretudo os feiticeiros que nos tormam a vida infernal. É um mundo feito de imagens, de invenções, num arco-íris bem colorido que passa do grotesco ao pseudo heróico. Para que de tudo isto reste alguma memória, aqui virei deixar periódicos testemunhos que talvez se dispersem no mundo do virtual mas talvez encontrem outro habitante deste mundo...Quem sabe?
Tribulândia porque existem muitas tribus (os) desde as políticas às artísticas, porque cada vez se pagam mais tributos, porque a vida é cada vez mais atribulada e porque se deve pagar tributo de homenagem a tanto sábio que enche o nosso écran de televisão e as páginas dos jornais dando-nos minuto a minuto a receita da felicidade.
Começo por expressar a minha grande admiração pelas declarações de um presidente de um orgão autárquico, na TV, que vendo entre diversa ajuda humanitária (como consequência de fortes incêndios na região) algumas gravatas de encher o olho (suponho), daquelas que o Hermanito usa, achou por bem merecido escolher três para seu uso pessoal. Aliás ele não tinha também sido vítima da catástrofe? Além disso, quem as usaria melhor do que ele nas sessões solenes, nas deslocações à capital, nas entrevistas (apareceu sem gravata na dita televisiva!!!), na missa de domingo? E risonho e sorridente explicava em bom português os motivos da escolha. Fiquei sem ver as ditas gravatas mas senti-me muito elucidado acerca do politicamente correcto naquelas bandas...
Na sequência da entrevista, de plano para plano, gente simples e vizinha declarava que não tinha posto o olho em qualquer ajuda humanitária... Podem não ter recebido nada mas podem estar orgulhosos do seu líder. Com tais métodos de distribuição, o pobre sacrificado presidente arrisca-se a ir a Ministro.

Conselho do dia – Não se esqueça de deixar o seu automóvel estacionado de maneira a que ninguém mais circule. Você merece. Os outros que vão a pé.